sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Do Caos

E então tudo se desfaz diante dos olhos, o que era um se espalha em milhares de pedaços disformes, a ordem já não se faz mais presente e o desespero demente parece então, consumi-los em absoluto.

E desesperados, eles se apressam para juntar e colar os fragmentos, eles querem restaurar e fazer dos cacos o velho de novo.

Talvez, se eles tivessem pensado melhor veriam naquele instante uma chance, uma chance de se ordenarem através da desordem. O caos traz para a superfície o que está oculto no meio da ordem, o caos traz novos elementos que somados aos velhos podem dar bons e novos resultados.

A desordem universal, a queda no abismo do espaço, a aleatoriedade no tempo infinito foram encaixando as peças menos prováveis e trazendo com isso infinitas possibilidades, uma delas, a nossa existência.

Somos frutos do caos, então, por que não enxergarmos nele também, a chance de renovação?

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Só A Morte Os Revela

Resultado da minha ausência de fé na bondade natural dos seres humanos, ou pura crueldade de minha atual condição, mas gosto deles (os humanos) quando esses se encontram quase mortos, fragilizados ou acuados, pois somente nessas circunstâncias eles revelam sua real natureza, seja ela boa ou má.

Eles se sentem libertos, afinal, o que hão de perder?

Quando quase mortos a dor lhes é extrema, o medo, a angústia, a tristeza, a raiva e todas as outras emoções também são extremas e assim, mentir lhes é mais difícil e até desnecessário, suas máscaras caem ou são simplesmente abandonadas, e então, eles respiram aliviados sem o sufoco provocado pelas mentiras que sustentaram até ali.

Eles revelam para qualquer um suas histórias, exibem suas cicatrizes justificando as suas boas ou más ações e trazendo com isso sua essência humana.

Diante da morte só lhes resta engolir o orgulho, revelar os pontos exatos da dor, despir-se de todas as falsas faces e aceitar a própria verdade.

Diante da morte resta-lhes pouco, quase nada, pois a morte lhes tira todo o peso deixando com eles apenas a honestidade daquele derradeiro instante.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Felizes Leprosos

Por que eu deveria moldá-los? Sua doença contagiosa e corrosiva parece ser o que os torna felizes. Que cruel eu seria se mostrasse a esses tolos a dor e o sofrimento, quando o éden lhes é ofertado ao som da ignorância.

Eles estão felizes, os sorrisos, embora burros, são sinceros, eu posso abominar os meios que lhes levam ao sorriso, contudo devo aceitar que sua felicidade é real.

Sou o único infeliz, absorvendo em vão um sofrimento que suponho corroê-los, pois sei (ou creio saber) que não há muito mais que a vida fútil e tola que eles amam.

Talvez, o melhor a fazer seja desistir, desistir de mostrar-lhes um mundo sem graça e sem cor, afinal que benefícios isso lhes traria, se para mim só trouxe o isolamento (insuportável para a maior parte deles) e um tumor mental incurável?

Eles estão satisfeitos. Não há mais nada que eles queiram passar ao futuro senão a ideia hedonista que os acometeu, eles não buscam mais por conhecimento e tampouco transmitir conhecimento para que o por vir possa ser melhor.

Talvez eles sejam somente reféns, talvez já estejam mortos, mas estão felizes em sua condição de leprosos. Por que curá-los?

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

As Palavras Do Mestre

Do que adiantou puni-lo? Você ainda repete os mesmos atos insanos visando um resultado diferente do isolamento e da queda. Sua condição humana parece não lhe ter serventia alguma, pois você ainda carrega a presunção original que o afastou de mim e que agora, o afasta de todos.

Quem é mesmo o tolo?

Eu não estou sozinho. Possuo seguidores e adoradores que propagam o que sou, quem sou, e o que desejo enquanto a sua solidão somente o enfraquece.

Compreendo que desacredite dos meus métodos, mas você observa com clareza todos os meus atos, e a fim de contrariá-los, escolheu o sofrimento como fonte única de reflexão e alimento.

Estou lhe ofertando uma nova chance, não de acreditar em mim, mas de perceber o quanto desacreditas de você mesmo, pois você não caiu sozinho, levastes consigo um terço dos meus com seus discursos, ideias e a coragem de enfrentar o indestrutível.

Eles acreditavam em você, e agora você se acovarda?

Junte-se a eles, lidere-os, e mostre-me o quão errado estou em amar esses adoráveis macacos, ou mude-os já que discordas da criação.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

(Re)Aprendendo A Ser Humano

Humano, não me recordo se um dia eu o fui, contudo, parece que há ainda algo em mim que sente necessidade de tocar e sentir como eles, porém, que não possui a menor ideia de como fazê-lo, até gestos simples me são demasiadamente complexos, mas novos eventos me fizeram continuar a tentar.

Tento abraçá-los, “amá-los” (ainda que eu não compreenda tal conceito de outra forma, que não neuroquímica), tento acreditar que há ainda algo de bom entre eles, mas que talvez eles tenham esquecido.

Sei o que é o ser humano, compreendo em teoria suas adversidades, suas fases e faces, compreendo a dificuldade que possuem para ter uma conduta não egoísta, uma vez que são guiados por impulsos tão primitivos e emoções tão instáveis.

Os humanos sempre me despertaram profunda curiosidade, mas também repulsa e receio; receio de sê-lo, receio de cometer os mesmos erros vis, receio de sentir e ser tocado.

Abrir-me sempre foi complicado, mas estou disposto a aprender, afinal é preciso ser humano para compreendê-los de dentro para fora, e embora eu sempre tenha repudiado tal ideia, agora ela se faz mais presente e mais necessária.

Sei bem o que é o ser humano, agora tenho a complicada missão de (re)aprender a ser humano.

domingo, 1 de setembro de 2013

Solidão Sinônimo Liberdade

“Quanto maior o numero de pessoas que te observam, maior o peso de suas ações e palavras.”

Estou cada vez mais disposto a um compromisso sério e eterno com a solidão, estou a ponto de manter-me afastado de meus pouquíssimos amigos, estou ao ponto de romper com todos os poucos vínculos que criei, quero apenas a companhia da minha sombra e nada mais.

Quero libertar-me do peso de medir as palavras para não ferir ninguém, quero livrar-me do peso de um falso sorriso para que as pessoas acreditem num bem-estar que nunca existiu, quero livrar-me das poucas pessoas que me obrigam a fingir, não por não me suportarem como sou, mas porque de algum modo passei a me importar com elas.

Não é a solidão que me causa mal, mas conviver em sociedade, afinal, em sociedade é preciso ouvir e compreender pontos de vista que me parecem primitivos e inúteis, respeitar opiniões estúpidas, obedecer alguém de intelecto muito inferior ao meu, compreender e respeitar regras criadas por um grupo que acredita em contos que ofendem a mais infantil das mentes.

Em sociedade a maioria é escutada e a meu ver a maioria está miseravelmente enganada, em sociedade é preciso calar o orgulho para um bom convívio, em sociedade é preciso dar satisfações, usar máscaras sociais ou tomar drogas e mais drogas para tentar adaptar-se a toda essa estupidez sem taxações.

A solidão não lhe cobra boas roupas, bom emprego ou salário, bons modos à mesa, um bom vocabulário ou qualquer outra coisa. Sozinho não há nada nem ninguém com quem se preocupar, sozinho sou único a quem posso ferir.

A solidão absoluta é também a liberdade suprema.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Guerra Santa - A Morte Por Nada E Por Ninguém

Eles estão se matando e não há razões que justifiquem essas ações atrozes e primitivas, seus motivos são tolos como sempre foram. Grupos extremistas querem impor suas crenças, eles querem destruir um deus inexistente para impor outro de mesmo valor.

A fé não remove montanhas, mas derruba casas, arranca vidas, destrói lares e famílias, a fé os está matando, mas seu orgulho e egoísmo exacerbado não lhes permite enxergar que um mundo tomado pela razão seria menos agressivo e mais evoluído.

Eles temem admitir que estão sozinhos, que não há nada nem ninguém zelando por seus passos, eles não querem ser os responsáveis por seus atos, eles não aceitam que o mundo não é justo, mas apenas caótico.

Às vezes o mal vence, às vezes o bem prevalece, às vezes crianças morrem, às vezes criminosos sobrevivem, às vezes o mundo não é o conto mítico que as pessoas desejam ver, eles não aceitam isso, pois se acham especiais demais para verem os fatos.

E como resultado desse pensamento primário nós estamos a ver duas crenças que pregam a compaixão se destruírem, ambas defendendo algo real apenas em suas mentes primatas e amedrontadas com o fim inevitável e a solidão absoluta.

Como são tolos!

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Anticristo

Todos falam em humildade, mas ninguém quer se rastejar, eles falam do quanto são bons, humildes e piedosos como se isso fosse diferente de se orgulhar.

Não deseje muito mais, pois isso é tudo o que você precisa.
Aprenda a amar o que tem e, conforme-se com o fracasso do dia-a-dia.

E enquanto te empurram humildade, eles vão escalando ao topo, te tratando como o lixo que você aprendeu a amar.

Nunca queira se igualar, tão pouco superar a Deus, conforme-se com o destino amargo e miserável, pois é o que você mereceu.

Agradeça pelos restos que conseguiu nessa lata de lixo hoje, pois há muitos outros que não comem nem mesmo esse alimento podre. Aceite essa perda, pois poderia ser bem pior, engula humildemente todo orgulho dos poderosos ao seu redor.

E então, demonstre seu rancor e todo o seu sofrimento amando os vilões, que são aquilo que vocês querem ser, mas não possuem coragem de dizer.

Se há erro no orgulho, rasteje-se o máximo que puder e veja até onde vai chegar.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

O Super-Homem

Tudo ficou demasiadamente fácil para mim, não há surpresas, nem mais mistérios, quando se supera suas referências tudo o que sobra é uma sensação de vazio.

Quis me igualar a Deus, porém, fui mais longe e o superei, quis me igualar aos meus ídolos de adolescência e também os superei, todas as minhas referências ficaram para trás.

O que mais posso buscar? A quem vou superar se todos, absolutamente todos estão em níveis simétricos ou inferiores ao meu? Não há ninguém em minha frente que eu queira acompanhar, seguir ou me igualar, eu estou muito longe deles.

Contudo, consegui enxergar que ainda há alguém mais para que eu supere, e esse, sou eu mesmo. Preciso olhar para o espelho e enxergar algo melhorado a cada dia, esse é o ídolo ideal, esse é o único ídolo que devo ter para superar, desejando que ele seja para sempre insuperável.

E agora que tudo e todos foram superados por mim, resta-me apenas, superar a mim mesmo.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Desfazendo

Eu os compreendo ao vê-los em profundo desespero segurando-se em pequenos fios de fé, afinal, eu sei bem o quão doloroso é ver tudo se desfazer diante dos olhos. A dor não passa, o vazio é eterno e o mundo deixa de ter sentido (se é que teve algum dia).

Quem é capaz de admitir que nada tem uma razão de ser? Quem consegue suportar firmemente a ideia de que a morte é de fato o fim absoluto de tudo, inclusive de quem se é? Quem consegue aceitar que os entes queridos continuarão mortos e não haverá castigo ou recompensa por bons ou maus atos?

O mundo é tão simples e puramente o que se vê e nada mais.

Eu acreditei em significados, punição dos maus e recompensa aos sofredores, acreditei que no fim todo o sofrimento seria válido e que tudo seria explicado, sanando assim a curiosidade eterna do “por que estamos aqui?” ou “que sentido tem a vida?”, mas tudo se desfez diante de algumas questões.

Deus lhes dá sentido, nutre a falta de razão existente, afinal, eles sofrem, engolem o orgulho, passam períodos enormes de dor e angústia, tem que haver recompensa depois de tudo isso, a morte não pode ser o fim sem respostas.

Por que ser bom se não há prêmios?
Por que não ser mal se não há punição?

Custei a perceber, mas sem Deus eles realmente não são nada, pois eles não lhes acham valor próprio, a vida lhes parece vaga demais sem prêmios e Deus parece ser o salário das almas.


Eles não querem a verdade, eles querem apenas algo que os conforte.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Pareidolia

O que há de errado no caos ou de incompreensível no acaso? Não consigo enxergar inconsistências nem em um e nem no outro.

Em minha percepção ambos são perfeitos como são, não exigindo de minha parte esforço algum para sua compreensão, mas extremo para explicá-lo, contudo é um dos maiores tormentos para a mente dos humanos.

Aleatoriamente eventos se encaixam, traduzindo-se em formar simétricas ou apenas agradáveis ao olhar, em ambientes abrigáveis, em circunstâncias inesperadas, mas ainda são eventos aleatórios e casuais.

A mente desses “avançados” mamíferos parece não estar apta a compreender tais eventos. Tudo lhe deve ser dotado d’algum significado maior, com um propósito muito além do que realmente se percebe a priori.

Eles formam animais em nuvens, deuses no nada, diálogos em ruídos, mensagens em jogatinas do acaso e santos em manchas de janelas ou torradas.

Eles são apenas primatas, olhando para os céus, buscando suas origens ou ao menos algo que lhe faça dormir bem, o acaso não lhes basta eles precisam dar significado para absolutamente tudo, pois ser o que é não lhes é o bastante.

Eles apenas enxergam o que querem ver.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

A Fé Da Elite

É muito interessante para a elite que os pobres tenham fé, afinal, é a melhor maneira de calar a revolta para com a injustiça que vemos, em muitos telejornais os pobres injustiçados se confortam com uma frase muito comum: “A justiça do homem é falha, mas a de Deus é perfeita.”

Isso leva a uma reflexão óbvia, com tantas evidencias de que tudo é apenas o que se pode ver e medir de algum modo, por que a elite ainda não deixou clara a inexistência do sobrenatural?

A resposta me parece simples, um povo sem fé possui uma revolta maior, é mais questionador e insatisfeito, afinal, esse povo sem fé quer ver a justiça aqui e agora, pois não acreditam em punições ou recompensas póstumas.

A revolta gerada pela falta de fé é o que leva as pessoas às manifestações, seja a falta de fé na política, na justiça e não será diferente quando houver falta de fé na fé, e é por essa razão que a elite prefere manter o pobre fiel, alimentando suas crenças inúteis.

Observe e veja, pode ser doloroso, mas a fé é apenas um anestésico para calar a revolta e evitar revoluções, pois toda a revolução é fruto da desobediência, da duvida e da falta de fé num atual sistema.

domingo, 14 de julho de 2013

A Primeira Cápsula - Mais De Mim

Por que tenho que fazer isso? Perguntei a mim mesmo enquanto olhava fixamente para uma pequena cápsula entre os meus dedos. 20mg (disso) por alguns meses e tudo vai parecer melhor...

O meu único orgulho em vida é ser quem sou, é pensar o que penso, é a diferença para com os comuns que vejo e convivo nessa sociedade decadente, primitiva e podre.

Por que é mesmo que estou fazendo isso? Adaptação? Para conseguir de fato ignorar tudo aquilo que não consigo ignorar sozinho e ser “feliz”? Afinal, toda a minha busca por auxílio profissional é proveniente de uma angústia que por sua vez é fruto da falta de ignorância.

Não sei ignorar ou viver o tal do “mundo real”, o mundo egoísta onde tudo o que importa são nossas metas pessoais e individuais mesmo quando envolve um pequeno grupo chamado família, o mundo onde os problemas que não são diretamente nossos não nos importam, é nesse mundo que devo mesmo viver?

Lembro que quando era mais jovem me disseram que eu aprenderia a ignorar, pois eu teria muitos problemas pessoais para dar atenção aos problemas dos outros e para o rumo que vai o mundo...

É doloroso, mas eles estavam errados, não aprendi a ignorar e fui me importando cada vez mais, até me esquecer ou me sentir parte de todos eles.

A dor mental se materializou em autoflagelo e algumas erupções na pele. Parece que o futuro de todos aqueles que tomam as dores do outro para si é inevitavelmente a depressão, a loucura ou outros transtornos, o normal e coerente para uma boa vida é ser mesmo egoísta e embora eu seja orgulhoso do meu ego, não consigo sê-lo.

Dou mais alguns olhares pesarosos sobre a cápsula e a jogo para dentro da boca, tomo um gole de água e penso:

Pronto, logo tudo isso vai ser devidamente ignorado ou, ao menos amenizado.

sábado, 13 de julho de 2013

A Morte Do Ídolo

Em principio o orgulho, seguido de uma falta de propósito infinitamente dolorosa.

Não há mais nada para buscar, não há mais em quem me inspirar, sem ídolos sejam eles reais ou fictícios, apenas, o que o espelho mais ordinário reflete e o orgulho absurdo do que se vê.

Não há escritores que admiro, não há músicos que me influenciem de fato, não há diretores, atores, nem mesmo heróis anônimos que eu adore, não mais, há apenas a identidade de ideias simétricas e o desprezo quase arrogante para com todo o resto.

Cheguei a ter admiração por algo, e por alguns, quis me igualar aos meus heróis, contudo, fui muito além e hoje os observo do alto, envaidecido, como se fossem criaturas incapazes de me compreender ou de chegar aonde cheguei.

Nunca imaginei que seria tão doloroso e sofrível, mas aconteceu:

Eu não matei os meus heróis, eu os superei.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Pense

As questões parecem incomodá-los, pois elas tendem a perturbar a “ordem” vigente, poucos são aqueles que param para alguma reflexão e quando questionados, eles se perdem em respostas rasas e despreparadas.

É mais fácil viver uma vida de ignorância e sem questionamentos.

Questionar é tentar desfazer-se de amarras, é apontar para um novo ponto, é muitas vezes romper regras e valores mortos, e a maior parte deles não consegue viver sem isso.

Eles precisam de um guia, eles precisam de instruções para que não façam nenhuma “besteira”, eles precisam de alguém para conduzi-los do contrário eles abandonam a sanidade.

Questionar é pensar por si mesmo é duvidar de respostas simples, e isso é algo que poucos querem fazer uma vez que questões levam à verdade e a verdade leva à dor.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Falta De Deus

“Sabe o que acho? Isso é falta de Deus.”

Perdi o numero de vezes que ouvi essa frase todas as vezes que descrevo a falta de sentido para a vida e a insatisfação crônica com aquilo que vivencio e vejo em minha volta, e existe uma tendência tola entre a maior parte deles de atribuir esse “vazio” a falta de uma fé.

Minha resposta para tal frase era o silêncio, ou um sorriso irônico, contudo, dado o numero de vezes que ouvi tal frase resolvi questioná-los de volta:

Se Deus te completa tanto pra quê continuar? Não basta tê-lo, precisa desejar algo mais? Afinal, todos aqueles que possuem fé ou crença nesse Deus que preenche o vazio eterno continuam a desejar bens, continuam querendo sempre mais do que já possuem, alguns até são gratos, mas continuam querendo e querendo como se o vazio continuasse com eles.

Penso que se o vazio fora de fato preenchido e Deus é tudo o que as pessoas precisam e devem buscar, não haveria razões para um crente continuar a vida e nem desejar mais nada, pois Deus é tudo.

Mas todos, sem exceção continuam, desejam, querem, procuram, buscam, continuam a sofrer com perdas, dores, e no máximo Deus é um “papai do céu” para ouvir as lágrimas silenciosas desses primatas. Que diferença real e pratica existe na vida de quem crê e de quem não crê se isso não fosse expresso?

Os crentes ainda choram, sorriem, sofrem, sentem prazer e morrerão assim como os descrentes, no final das contas Deus é apenas um bom passa-tempo para os tédios de domingo.

sábado, 22 de junho de 2013

Dois Mundos

Abrir-lhe-ei duas portas, escolha em qual vai entrar, uma é a verdade e a outra é a que quer acreditar:

A morte é uma mentira, as doenças são erradicadas e envelhecer, nunca mais. Não há tempos de guerra, não há desastres, não há confusões, os mortos são revividos para alegrar entes queridos, os bandidos vão para as eternas prisões, os bons são recompensados após uma vida amarga, e cheia de hesitações, a justiça existe em peso igual para todos.

Eis o mundo perfeito, o sonho de todos os tolos.

A morte é a única verdade, as doenças são indiferentes, às vezes sem cura e também cruéis, e envelhecer é inevitável. Há um eterno confronto em busca da paz, desastres por toda a parte, ninguém se entende, os mortos continuam mortos sob as lágrimas de seus amados entes, os bandidos nem sempre são punidos, os bons quase nunca recompensados, e a justiça é de quem pagar mais.

Eis o mundo real, insuportável para quase todos.

Alguns misturam os dois mundos, dizendo que um vem depois do outro, talvez seja mesmo necessário acreditar em um para suportar viver no outro.

domingo, 16 de junho de 2013

Regras, O Teu Castigo - Origens

Perdi tempo demasiado invejando a tua jaula, o seu mundo de regras, responsabilidades e culpas, cheguei a acreditar que era melhor viver sob tais regras e assim enxergar sentido onde não há, mas vi que é você o verdadeiro escravo da desorientação, prisioneiro eterno da ordem burra de suas regras e obrigações.

Você só finge o quanto é bom, mas não suporta suas mentiras, uma vez que suas ações mostram o inverso do que diz. Você fala orgulhoso sobre sua responsabilidade e o amor às regras, mas na escuridão você imita meus atos que julgas insano, rompendo as escondidas todas elas.

Você deseja minha rebeldia e sente uma falsa pena da minha liberdade, você me fez acreditar que eu estava perdido, quando é você o desnorteado.

As regras sufocam, calam, reprimem a ponto de quase matar ou enlouquecer, deixando apenas um corpo tomado por loucura.

O caos é a ordem natural das coisas, peças infinitas de formatos nunca repetidos, um caos aos olhos, mas a ordem perfeita para as almas.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

[R]Evolução

Eles finalmente despertaram, todo o sangue e suor valem e valerão a pena, afinal, não é possível mudar nada em silêncio e acuado.

E eles sabem exatamente porque estão lutando, eles querem um país menos imundo e podre, eles cansaram de assistir emudecidos a tortura cotidiana para com os seus, eles tiveram uma ideia, não, eles se tornaram uma ideia e nada pode ser feito contra essa.

Balas de borracha, bombas de efeito moral ou qualquer outro tipo de armamento de distração não poderá conter essa ideia, pois toda ideia é contagiosa e para cada um que for derrubado pela burrice do povo policial, surgirão tomados de uma cólera ainda maior, outros três manifestantes.

A real razão não é o aumento da tarifa (esse aumento, foi apenas a ultima gota para que o copo transbordasse), mas muitos anos engolindo em silêncio a corrupção, o descaso com a saúde, educação, segurança, a vergonha política, o desvio de dinheiro publico e muito mais.

Esse barulho todo os fez despertar, só espero que ninguém desligue o despertador para dormir por mais cinco minutos.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Suicídio

Não lhes importa o tamanho da dor, eles continuam tentando, crentes num por vir melhor, não há pesar que os faça desistir e entregar os pontos, eles são apenas parasitas, mas parasitas admiráveis.

Eles possuem uma gana pela vida que se reflete em seus mitos de eternidade, contudo, há um grupo pequeno entre eles que me desperta atenção e curiosidade, um grupo que não suporta o fardo e chegam ao extremo inimaginável de entregar-se ao nada.

Todos, absolutamente todos se cansam e pensam em desistir da vida, mas há sempre algo que os faz seguir, seja a crença em algo ou a ideia de dias melhores, afinal, ninguém quer morrer, principalmente quando são jovens e saudáveis.

Por essa razão os suicidas me atraem a atenção, pois mesmo cientes de um dia após o outro, eles preferem dar cabo de tudo.

Que dor seria essa? Que desespero seria esse? O que será que sentiam? O que lhe faria entregar os pontos e será que entregaria?

Alguns os chamam de covardes e alimentam um ódio sem sentido por eles, outros vêem valentia demasiada em antecipar o inevitável.

Eu os vejo apenas, como sofredores extremos, como céticos desiludidos, penso que todo o suicida deseja que a eternidade não exista (com exceção dos suicídios ritualísticos, claro), afinal, o que é o suicídio, senão a vontade máxima de acabar com tudo o que se refere ao próprio ser?

Os crentes em Deus se asseguram na ideia de que Deus não dá uma cruz maior do que se pode carregar, mas e quanto a esses desistentes infelizes? Seriam eles (para os que creem) a prova da ineficiência divina?

Se houvesse Deus, os suicidas seriam prova de seu fracasso.

sábado, 8 de junho de 2013

Loucura, A Face Da Verdade

A subjetividade da psicologia ainda me parece proeminente, e me é um tanto incômoda. Vejo essa subjetividade, por exemplo, na sua definição de loucura:

“Loucura, condição que remete a comportamentos anormais perante a sociedade, a doença mental, ou somente um sintoma de uma.”

O reflexo dessa definição pode ser observado a distancia, de forma que, toda a diferença lhes parece loucura; e diferença, é rejeitar o que todos parecem querer.

Qualquer um que negue um pensamento ou comportamento comum, não pode ser normal. Insano é também, falar o que se pensa quando todos pensam o oposto ou dizem pensar o oposto.

Eles acusam de loucos aqueles que possuem coragem de rejeitar as migalhas oferecidas pelo “bom convívio social”, eles acusam de loucos aqueles que expõem suas verdadeiras faces, aqueles que não negam seus instintos primários diante de outrem, eles acusam de loucos aqueles que dizem o que lhes parece verdade, aqueles que revelam o que realmente pensam, pois para eles, sanidade é fingir.

Vejo na loucura, a face da verdade, os loucos são aqueles que possuem coragem de realizar os desejos secretos dos sãos, desejos que eles não podem negar, os loucos são autênticos, por não se importarem com recriminações, logo, são incômodos.

Sãos são aqueles que mentem mais e melhor.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Aos Invisíveis

Acabou de morrer alguém, você conseguiu notar a ausência?

Pode ter sido uma criança, um senhor de idade, uma senhora ou um delinqüente excluído da sociedade, mas a questão é que não lhe fez diferença e não lhe fará diferença alguma.

Você não conhecia, não há razões para sentir algum pesar, ninguém sentirá a ausência dessa vida com a obvia exceção de amigos e familiares. O mundo segue frio e indiferente a esse doloroso evento particular.

E mesmo assim, a maior parte ainda se sente especial e privilegiada.

Especial para quem? Privilegiada por quem?

Por um criador amoroso e cheio de planos incompreensíveis para a limitada mente humana? A mesma mente limitada da qual esse criador exige adoração e reverencia?

Aceitem; Deus é apenas o reflexo do orgulho humano.

Eles podem ser pessoas boas, generosas, malignas, mesquinhas, jovens ou idosos, mas no fim não haverá diferença.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Sonhos

A cada segundo algo deixa de ter graça ou sentido para mim, as cores somem diante dos meus olhos, e logo já não me desperta nenhum interesse, contudo, ainda aposto nas qualidades da vida.

Não é possível que estejam todos errados, deve haver de fato alguma graça e beleza nisso tudo, mas talvez, a graça e beleza existentes só possam ser visualizadas enquanto se está adormecido.

De volta à benção da inocência.

Lembro quando todos eram confiáveis, as pessoas pareciam tão boas e generosas, a união parecia ser para toda a vida, a família era indissolúvel, os sonhos eram constantes (mesmo os impossíveis), os sorrisos eram reais e duravam o tempo da verdade.

Por que foi que acordei?

Agora, tudo não passa de uma memória invalida e tortuosa, afinal, nada voltará a ser o que foi um dia e as perspectivas quanto ao futuro são as piores possíveis, ao menos para mim.

Aproveitem o sono, pois uma vez despertos não haverá mais sonhos.

domingo, 2 de junho de 2013

Futilidades Úteis - I Love New York

Eles sabem apenas o que querem, mas quase nunca sabem aquilo que precisam, pois eles foram bombardeados por necessidades ilusórias, e não há quem possa lhes mostrar o quão fúteis são os seus itens “essenciais”.

Eles pagam caro em roupas que carregam uma assinatura qualquer, preferem talheres de prata a outro metal, eles querem exibir quinquilharias brilhantes, celulares de ultima geração, o carro mais recente, o som mais potente, a viagem mais distante e tantas outras banalidades que alguém lhes fez crer serem necessárias para a satisfação existencial.

A maior parte mal conhece as funções de um aparato tecnológico recém-comprado, mas lhes disseram que era o melhor, alguns mal compreendem a frase em outro idioma escrita em suas vestes, mas parece mais chamativo, talvez por passar uma impressão mais intelectual ou viajada.

Como são tolos.

Aprovação e atenção, talvez, sejam essas as palavras que resumam todos esses desejos humanos, eles querem aplausos, eles querem que alguém lhes diga o quanto são bons, mas querem acima de tudo serem notados e incluídos, contudo, nunca por seu fracasso, mas por um falso sucesso.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

[A]normal


O que é ser normal?

Talvez, a tristeza comece quando alguém lhe diz quais roupas usar, quais canções ouvir, qual peso tu deves ter, qual filme tu deves assistir, como deve se comportar e quando deves ou não sorrir.

E para sentirem-se aceitos eles aceitam, e sofrem quando não se encontram nesse determinado padrão, pois a maior parte não quer ser único.

Esse é o normal? Seguir a massa? Ser apenas mais um?

Toda vez que enxergo algo deles em mim é como se todos os meus ossos fossem esmagados ao mesmo tempo, uma dor lancinante que me corroí o peito e espreme minha garganta, afinal, custei a perceber o valor da diferença e agora que conheço, não há nenhum anseio em ser normal.

Por isso, não lamente por minha solidão ou tristeza, estou bem como estou (diferente e distante de toda essa tralha inútil), pois a minha diferença me causa um orgulho que ameniza um pouco toda essa dor.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Fatal


Poucos conseguiriam suportar o peso, por isso é melhor evitar o contato, me privo da aproximação, pois o que tenho é um vírus contagioso, destrutivo, doloroso, incurável e crescente chamado: ideias.

Por que sorrir? Por que alimentar os sonhos? Por que acreditar em mitos? Por que não querer abrir os olhos?

Nasci com essa “maldição”, que foi crescendo e me tomando inteiro. Hoje, cada célula desse corpo está contaminada, sou incapaz de enxergar as cores do mundo e sem a ajuda de anestésicos a dor que esse vírus me causa se torna insuportável, já sou todo ideias.

Todo vírus precisa de novos hospedeiros e nas palavras que falo ou escrevo, há uma dose cavalar desse vírus, dose suficiente para contaminar o globo inteiro, ficar sozinho e em silêncio foi a solução para evitar o contágio, mesmo sabendo que uma epidemia seria bem-vinda, mas não é justo eu transmitir essa minha visão tão crua e fria do mundo.

Quantos deles suportariam ver o mundo como eu vejo?

Por que destruir um sorriso? Por que despertá-los dos sonhos? Por que destruir seus mitos? Por que querer lhes abrir os olhos?

Eles estão tão bem assim, estão melhores sem ideias.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Mestres


Existe um grupo entre eles que me desperta profunda admiração e respeito, um grupo responsável por educar aqueles que mal compreendem o mundo que os cerca, um grupo que dá o necessário e não o desejado, eu chamo os componentes desse grupo de mestres.

Eles fazem o melhor que podem, dão horas de sua existência para transmitir aquilo que viram e viveram, contam histórias para que não haja repetições de erros, contam estórias para que haja reflexões, falam das diferenças para que haja respeito, transpiram até a ultima gosta de suor para formarem homens e mulheres dignos.

Os mestres aos quais me refiro possuem profundo afeto por aquilo que fazem e possuem também, consciência do valor de seu trabalho quando fazem disso profissão, afinal, também me refiro aos mestres “amadores”, aqueles que sentam próximos a um grupo de crianças e lhes contam sobre a vida, aqueles que não possuem a obrigação fraterna, mas tomam para si toda uma geração.

Vejo esses mestres na arte, na literatura, nas ruas e, sobretudo nas escolas, trajados de professores.

Desejo para esses verdadeiros mestres o reconhecimento que merecem.

domingo, 19 de maio de 2013

Gol!


É dia de jogo, milhões se reúnem numa razão em comum, os olhos e ouvidos se concentram de maneira quase sagrada, qualquer intromissão será devidamente recriminada, afinal, essa grande partida vai ser o assunto das mesas acéfalas por semanas a fio.

Quem pode dizer que a emoção não é real?

Os gritos eufóricos, desesperados e comemorativos estão ai para mostrar o quão real ela é. Eles realmente sentem cada passo, cada deslize, cada falta cometida, cada gol perdido e expressam em voz alta cada sensação.

E então vem a vitória, e todos saem para as ruas, eles querem comemorar, mostrar que são representados por um time vencedor, eles querem mostrar que fizeram a escolha certa, a escolha que vence sempre (ou quase), mas que é a melhor.

Esses acéfalos, tempos depois de toda a euforia vão exigir melhorias na saúde, na educação, na renda do trabalhador, na justiça, porém, num grupo muito menor do que aquele que saiu para comemorar uma tola vitória, num grupo muito menor do que aquele que lota estádios ou interdita linhas telefônicas para votar num show nada real.

Mas eles estão satisfeitos, ou simplesmente merecem aquilo que têm.

sábado, 18 de maio de 2013

O Peso De Uma Imagem


É possível vê-los sufocando-se em suas mentiras sociais, perdendo-se em suas faces, esquecendo o que são, matando o que foram, vivendo uma ilusão que são incapazes de sustentar.

Expostos aos olhos alheios eles são o que convém, ocultando vontades, omitindo verdades, lapidando sua imagem para nutrir o desejo inato por aprovação. Cada rejeição uma nova memória para melhor moldar a próxima face, para exibir ao mundo e ser aceito.

São tão gentis e educados, felizes e ponderados, são tudo o que um outro precisa ser.

É o que esperam passar: “olhem pra mim, vejam como sou feliz!”

Somente na escuridão de si mesmo eles são o que precisam ser, matando suas vontades, gritando verdades, libertando-se do peso daquela imagem que criaram para sobreviver em sociedade.

É o que eles não conseguem negar: “espero que ninguém me veja agora, seria vexatório.”

Quase sempre o peso que eles sentem é apenas resultado das imagens que criaram, das mentiras que contaram e das verdades que negaram para receberem assim, o abraço de uma sociedade hipócrita.

Eles são eles mesmos, totalmente livres e leves somente dentro de suas mentes.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Longe De Onde?


A maior parte das pessoas teme a solidão, elas querem agarrar-se ao outro, construir uma história e passar os finais de suas vidas recordando o quanto valeu cada bloco de lembrança que assentaram em suas vidas.

Não vejo nenhum equivoco em tal atitude, mas ainda que uma companhia agradável seja de fato prazerosa, nada me parece tão libertador quanto a solidão. Você pode possuir milhões de amigos e ter centenas de relacionamentos, mas ser casado e fiel à solidão.

Vejo em muitos casais a morte das próprias vontades, eles se sentem sufocados pelos desejos um do outro, pelas obrigações de um relacionamento e acabam por sufocar ainda que brevemente seus próprios anseios, poucos são os casais nos quais observo cumplicidade e um respeito mutuo para com os momentos individuais de cada um.

Alguns se casam, outros morrem.

Alguns perdem desejos ou os mantém quando estão distante dos olhos do outro, tornando-se assim a figura real do traidor. Eles querem sentir outra vez a liberdade que a solidão e somente a solidão proporciona.

Solitário não é aquele que não possuí amigos ou aquele que não se afeiçoa, mas aquele que não se aprisiona, aquele para o qual não existe distancia, nada é longe demais para o solitário, ele é livre para ir e vir, não se deixa amarar por vínculos transitórios, mas reconhece o valor deles.

Para os dependentes do outro uma viagem pode ser longe demais, o solitário apenas pergunta: “longe de onde?” e se vai.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

O Que Me Resta


Nada me acalma com mais facilidade que caminhar solitário, sem rumo e sem a preocupação com o regresso. Outra maneira que uso para ajustar as emoções impostas por essa tempestade bioquímica é sentar sob uma árvore, num banco em uma praça ou parque, observar os filhotes desses homo sapiens e imaginar que o futuro pode ser melhor.

Eles são puros, espontâneos, sinceros, eles ainda não aprenderam que mentir é um dos princípios básicos para se viver bem em uma sociedade decadente e supersticiosa.

Não é que eu superestime as crianças, pelo contrário, até acho um equivoco absurdo por a criança no centro da família, pois vejo que isso tem resultados desastrosos criando adultos incapazes de ouvir um não, seja da vida ou de outra pessoa, mas deposito nelas meus últimos resquícios de fé.

Vejo em seus olhos a possibilidade de humanos melhores, afinal, ainda são moldáveis no que diz respeito à educação, ainda é possível lapidá-los e fazer da pedra bruta, homens e mulheres pensantes, dotados de alguma razão.

Talvez, seja apenas uma ideia infrutífera, uma esperança inútil, mas se eu deixar de acreditar que isso ainda é possível não terei mais fé alguma e respirar já não teria sentido.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Diga Não A Deus


Deus, uma invenção estúpida para estúpidos.

Durante algum tempo deixei de lado levantar críticas ou expor ideias mais enérgicas quanto ao mito, em especial do Deus cristão, mas os cristãos não deixam isso trancado com eles ou dentro de seus círculos familiares, eles querem evangelizar, querem que o mundo acredite na basbaquice que eles acreditam.

Carregam em suas mãos ou sob suas axilas um livro primitivo, repleto de contos, relatos, mitos e fatos ocorridos em uma época remota, onde um povo subdesenvolvido ainda estabelecia meios para sobrevivência. Um livro repulsivo para qualquer um que tenha o mínimo de inteligência e decência.

Nada me incomoda mais que o proselitismo, onde alguém sugere que você abandone seus costumes diários para servir e seguir uma doutrina inútil (como são todas), condenando-o severamente caso rejeite tal ideia, afinal, quase todas possuem formas de castigo aos não seguidores da doutrina como, o belo inferno criado pelo Deus cristão em sua infinita bondade.

Por que está tão certo?

O mundo possui milhares de crenças e costumes, milhares de deuses e entidades sobrenaturais. Mesmo assim, poucos desses primatas conseguem ser coerentes:

Ou acredita-se em todos os deuses e mitos ou não se acredita em nenhum deles, afinal, que diferença há entre os mitos senão, o que você acredita e o que o outro escolheu acreditar?

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Dor

“Talvez eu seja um monstro egoísta, tomando unicamente para o meu corpo todas as dores que o mundo sente, talvez eu seja só mais um doente da mente, perdido em minhas mil faces e incapaz de me encontrar em meio a tanta tralha mental.”

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Macacos


Macacos, eles possuem lá a sua graça, são divertidos, brincalhões e suas idiotices me despertam alguns risos, mas como são irritantes, gritam se debatem e na primeira oportunidade vão roubar algum objeto seu e sair correndo, vão atacar-te sem motivo aparente, mesmo assim os achará divertido, afinal, são apenas macacos, não há razões para zangar-se com criaturas tão rudes e primitivas.

Afinal, quem é mesmo o evoluído?

E é exatamente assim que os humanos me parecem, e pelas mesmas razões que os humanos voltam aos zoológicos para verem os macacos é que volto para manter com eles algum contato.

Gosto de passar horas observando seus costumes, suas crenças tolas e irritantes, seus berros para decidirem quem possuí ou não razão argumentativa. Gosto de ouvi-los mesmo quando (quase sempre) tratam de assuntos supérfluos e até desagradáveis para mim, estar entre eles me traz uma infinidade enorme de sensações da cólera à compaixão.

São rudes, primitivos, mas me divertem e me despertam grande curiosidade.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Sobre Eles, Mas Sobre Mim


Fiquei parado a observá-los por alguns instantes. Seus gestos e feições, sua interação com os demais, mas seus sorrisos eram os mais atormentadores para mim, não que eu não os quisesse sorrindo, mas por não compreender em absoluto as razões de tal expressão.

Os meus pensamentos me dividiram em dois, o indagador e observador silencioso: “Por que eles riem tanto?”, “O que lhes é tão divertido?”, “Será que eles realmente querem sorrir, ou são apenas espasmos involuntários, inconscientes?”, “O que os motiva, além claro, da corrida da morte?”.

Os tormentos psíquicos se refletiram no corpo, senti fortes dores no estômago, algo que me causou uma irritabilidade incontrolável como há muito não tinha, mesmo assim o indagador, seguia:

“Quais são seus motivos?”, “Por que se submetem a algo que já nem mais suportam, afinal, é possível ver a insatisfação ou o cansaço em seus olhos primatas?”, “É esse o preço que têm seus valores?”, “Posso pagá-los para que sorriam para mim enquanto jogo amendoim para eles?”.

Então, um espelho emergiu diante de mim, e as perguntas se direcionaram ao corpo primata no qual me encontro aprisionado por vinte seis tortuosos anos: “Quais são seus motivos?”, “Por que se submete a isso?”, não houve resposta, apenas o vazio e o silêncio.

Todos aqueles que eu observava possuíam e possuem algum motivo: têm filhos, têm planos, metas de longo ou curto prazo... Sem exceção, todos possuíam no mínimo duas razões para suportarem a agonia de mais um dia, para suportar ordens, até os motivos mais torpes (na minha burra concepção) é razão para que eles acordem sorrindo, mas e quanto a mim?

Não sinto prazer algum em ver a noite tornar-se dia ao som ensurdecedor de uma casa noturna, não sinto prazer real em ver animais aprisionados em jaulas aos fins de semana, não sinto absoluta falta de uma companhia para ir a cinemas, teatros ou algo parecido. Não sinto também, prazer algum em ir a festas, não sinto faltas seja de bens ou de pessoas com uma única exceção quanto a pessoas.

O meu prazer se limita às sensações físicas, sou apegado em demasia aos prazeres e dores que os cinco sentidos me propiciam, mas eles possuem intenções muito maiores que as minhas e quando os observo procuro também em mim algum vestígio daquilo que eles parecem saber tão bem.

Todos eles encontram motivos para correr, suportar o pesar, e eu não encontro mais motivos sequer para despertar, contudo ainda desvio dos perigos, logo, esse vida ainda deve possuir algum valor para mim.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

À Morte


A morte, o silêncio absoluto que apavora e motiva os mortais, sem a qual a vida não teria valor algum para o vivente, e por essa razão, os mortais deveriam ser mais gratos à morte. Mas eles preferem negá-la, rejeitá-la ou superá-la em seus contos e mitos.

O progresso lhes trouxe o ego, e então, eles criaram a eternidade, algo para superar o único deus existente: a morte.

Como eles poderiam viver sem a única coisa que os move?

Eles correm, mas não pela vida, eles correm pela morte, a alavanca que os faz criar planos, que os faz criar prazos e sentidos para a existência.

Sem a morte os mortais não seguiriam rumo ao progresso, rumo a revoluções para que possam ter tempo disponível para apreciarem melhor as paisagens da vida. Sem a morte não haveria temor e sem temor eles não correm dos perigos e sem correr dos perigos eles não criariam abrigos, ferramentas e maneiras de afastarem de si a atormentadora ideia de fim.

Sem a morte os seus prazeres seriam adiados pela tola ideia de um amanhã eterno, eles não viveriam mais, as emoções seriam esquecidas, as memórias seriam perdidas e eles não mais seriam.

A eternidade os mataria em vida, transformando-os na mais burra imagem já criada: deus.

Eles só querem viver porque morrem.


quinta-feira, 2 de maio de 2013

Traidores


A ilusão parece agradá-los, eles odeiam mentiras, mas não vivem sem elas, e em suas relações interpessoais isso fica cada vez mais claro. 

Eles não se envolvem com outras pessoas, mas sim com suas projeções sobre outro, por essa razão eles sofrem e se frustram quando a pessoa por trás da ilusão emerge de fato, revelando apenas um ser humano e como tal, falho.

Eles esperam do outro aquilo que nem mesmo eles possuem, mas que gostariam de ter ou ver, e eles querem o infalível, eles querem o ideal, eles querem o impossível, mas eles não querem se machucar ao fantasiar.

Eles ainda se sentem traídos, mas traídos por quem, senão por eles mesmos ao colocarem sobre o outro suas fantasias infantis de perfeição?

terça-feira, 30 de abril de 2013

Nada Muda


Vocês se separaram por ideias e convicções que te fizeram engolir, e separados não há protesto capaz de se fazer enxergar.

É tudo o que alguém deseja: separar o mundo em milhares de pequenos grupos, pois é mais fácil vencê-los assim.

Vocês são semelhantes quando vistos do espaço: minúsculas criaturas procurando formas para se manter, criaturas frágeis e sem valor algum para a implacável e indiferente natureza, mas alguém os fez acreditar em sua preciosidade acima de outros, alguém os fez acreditar que são especiais.

E é com essa crença deturpada que vocês seguem lutando por todas as razões erradas, querem beneficiar apenas a si, ou ao grupo ao qual pertencem, ignorando que poderiam lutar por algo muito maior: humanidade.

Vocês ainda se enxergam de forma superficial, ainda são Anas, Rafaeis, homens, mulheres, heterossexuais, homossexuais, roqueiros, pagodeiros, católicos, ateus, negros, amarelos, e em nenhum momento são unicamente humanos.

E toda a nobreza que dizem possuir?

Admitam. Vocês são apenas animais egoístas, preocupados com suas angustias pessoais, querendo espalhar seus anseios particulares, tentando “normalizar” o mundo. E para vocês “normalizar” é tornar todos um reflexo exato de suas convicções.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Você, Um Milagre?


“Nossa, um carro me pegou de frente, fiquei internado, sobreviver foi um milagres.”
“Dois tiros não saíram e o terceiro tiro pegou, mas não perfurou profundamente, fui salvo por Deus.”
“Nossa, foi um milagre esse dinheiro extra, bem no momento que precisava mais.”
“Os médicos falaram que ela não voltaria a andar, e em seis meses ela andava quase normalmente, o que foi senão um milagre?”
“Não podia engravidar, mas graças à intervenção de Deus, tenho um filho maravilhoso.”

Não é raro experiências como essas se espalharem pelo cotidiano, todos possuem uma “estória” (ou mesmo história) miraculosa para contar. Sempre escuto com absoluta atenção cada um desses relatos, pois são ricos, ricos de uma vaidade e orgulho que não podem ser medidos.

Enquanto o relato do “agraciado” é feito, crianças estão morrendo, sendo violentadas, passando fome, sofrendo a dor da perda de um ente amado, sendo abandonadas e outras pessoas tão “preciosas” também perecem nas mãos do acaso.

E cheio de orgulho o “milagre” se cala triunfante, com o peito estufado de certeza de que há para ele algum propósito. E qual seria? Absolutamente nenhum deles possui de fato uma resposta.

Os “milagres” com egos inflados em nível máximo preferem a ideia de que são especiais, eles são importantes demais para alguém ou alguma coisa. E as milhares de vidas que se perderam no mesmo instante em que eles (os auto-proclamados “milagres”) foram salvos tinham menor valor?

Eles mal saíram da lama e já se enxergam no céu, olham para o alto repletos de um orgulho que vomitam por toda a parte. Quantas “estórias” já não contaram sobre intervenções miraculosas, sobreviventes improváveis de situações extremas, ou o “impossível” acontecendo em uma vida ordinária?

Quanta presunção é necessária para que um misero individuo se considere acometido por um milagre, ou pior, que se considere o próprio milagre?

Eles são orgulhos demais, afogar-se-iam por toda a vida em seus reflexos, não fosse o exemplo de Narciso.

Eles são um milagre?   

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Intocável


O que posso oferecer? Os vejo com certo desprezo, vejo tolice em praticamente todos os seus atos, não vejo razões para querê-los por perto, são nocivos, agressivos e “istas” de várias formas. São tolos.

Como posso os compreender? A futilidade lhes traz graça, seus sorrisos são baratos e comprados por meia dúzia de palavras desconexas, sou incapaz de sentir o que eles sentem sem me achar um animal imprestável. São vulgares.

Não tenho nada a lhes oferecer. Eles vivem melhor sem a visão friamente lógica de todos os atos, não sou eu quem não os quer por perto.

Não posso compreendê-los. Sou um ancião num corpo jovem, centenas de anos mais velho que qualquer um que ousar se aproximar, levo o mundo muito a sério, preto e branco de tão velho. Nunca conheci a tal criança interior.

Pensei estar a frente e na vantagem, mas sou o único atingido, por nunca ser tocado.