quarta-feira, 24 de julho de 2013

Anticristo

Todos falam em humildade, mas ninguém quer se rastejar, eles falam do quanto são bons, humildes e piedosos como se isso fosse diferente de se orgulhar.

Não deseje muito mais, pois isso é tudo o que você precisa.
Aprenda a amar o que tem e, conforme-se com o fracasso do dia-a-dia.

E enquanto te empurram humildade, eles vão escalando ao topo, te tratando como o lixo que você aprendeu a amar.

Nunca queira se igualar, tão pouco superar a Deus, conforme-se com o destino amargo e miserável, pois é o que você mereceu.

Agradeça pelos restos que conseguiu nessa lata de lixo hoje, pois há muitos outros que não comem nem mesmo esse alimento podre. Aceite essa perda, pois poderia ser bem pior, engula humildemente todo orgulho dos poderosos ao seu redor.

E então, demonstre seu rancor e todo o seu sofrimento amando os vilões, que são aquilo que vocês querem ser, mas não possuem coragem de dizer.

Se há erro no orgulho, rasteje-se o máximo que puder e veja até onde vai chegar.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

O Super-Homem

Tudo ficou demasiadamente fácil para mim, não há surpresas, nem mais mistérios, quando se supera suas referências tudo o que sobra é uma sensação de vazio.

Quis me igualar a Deus, porém, fui mais longe e o superei, quis me igualar aos meus ídolos de adolescência e também os superei, todas as minhas referências ficaram para trás.

O que mais posso buscar? A quem vou superar se todos, absolutamente todos estão em níveis simétricos ou inferiores ao meu? Não há ninguém em minha frente que eu queira acompanhar, seguir ou me igualar, eu estou muito longe deles.

Contudo, consegui enxergar que ainda há alguém mais para que eu supere, e esse, sou eu mesmo. Preciso olhar para o espelho e enxergar algo melhorado a cada dia, esse é o ídolo ideal, esse é o único ídolo que devo ter para superar, desejando que ele seja para sempre insuperável.

E agora que tudo e todos foram superados por mim, resta-me apenas, superar a mim mesmo.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Desfazendo

Eu os compreendo ao vê-los em profundo desespero segurando-se em pequenos fios de fé, afinal, eu sei bem o quão doloroso é ver tudo se desfazer diante dos olhos. A dor não passa, o vazio é eterno e o mundo deixa de ter sentido (se é que teve algum dia).

Quem é capaz de admitir que nada tem uma razão de ser? Quem consegue suportar firmemente a ideia de que a morte é de fato o fim absoluto de tudo, inclusive de quem se é? Quem consegue aceitar que os entes queridos continuarão mortos e não haverá castigo ou recompensa por bons ou maus atos?

O mundo é tão simples e puramente o que se vê e nada mais.

Eu acreditei em significados, punição dos maus e recompensa aos sofredores, acreditei que no fim todo o sofrimento seria válido e que tudo seria explicado, sanando assim a curiosidade eterna do “por que estamos aqui?” ou “que sentido tem a vida?”, mas tudo se desfez diante de algumas questões.

Deus lhes dá sentido, nutre a falta de razão existente, afinal, eles sofrem, engolem o orgulho, passam períodos enormes de dor e angústia, tem que haver recompensa depois de tudo isso, a morte não pode ser o fim sem respostas.

Por que ser bom se não há prêmios?
Por que não ser mal se não há punição?

Custei a perceber, mas sem Deus eles realmente não são nada, pois eles não lhes acham valor próprio, a vida lhes parece vaga demais sem prêmios e Deus parece ser o salário das almas.


Eles não querem a verdade, eles querem apenas algo que os conforte.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Pareidolia

O que há de errado no caos ou de incompreensível no acaso? Não consigo enxergar inconsistências nem em um e nem no outro.

Em minha percepção ambos são perfeitos como são, não exigindo de minha parte esforço algum para sua compreensão, mas extremo para explicá-lo, contudo é um dos maiores tormentos para a mente dos humanos.

Aleatoriamente eventos se encaixam, traduzindo-se em formar simétricas ou apenas agradáveis ao olhar, em ambientes abrigáveis, em circunstâncias inesperadas, mas ainda são eventos aleatórios e casuais.

A mente desses “avançados” mamíferos parece não estar apta a compreender tais eventos. Tudo lhe deve ser dotado d’algum significado maior, com um propósito muito além do que realmente se percebe a priori.

Eles formam animais em nuvens, deuses no nada, diálogos em ruídos, mensagens em jogatinas do acaso e santos em manchas de janelas ou torradas.

Eles são apenas primatas, olhando para os céus, buscando suas origens ou ao menos algo que lhe faça dormir bem, o acaso não lhes basta eles precisam dar significado para absolutamente tudo, pois ser o que é não lhes é o bastante.

Eles apenas enxergam o que querem ver.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

A Fé Da Elite

É muito interessante para a elite que os pobres tenham fé, afinal, é a melhor maneira de calar a revolta para com a injustiça que vemos, em muitos telejornais os pobres injustiçados se confortam com uma frase muito comum: “A justiça do homem é falha, mas a de Deus é perfeita.”

Isso leva a uma reflexão óbvia, com tantas evidencias de que tudo é apenas o que se pode ver e medir de algum modo, por que a elite ainda não deixou clara a inexistência do sobrenatural?

A resposta me parece simples, um povo sem fé possui uma revolta maior, é mais questionador e insatisfeito, afinal, esse povo sem fé quer ver a justiça aqui e agora, pois não acreditam em punições ou recompensas póstumas.

A revolta gerada pela falta de fé é o que leva as pessoas às manifestações, seja a falta de fé na política, na justiça e não será diferente quando houver falta de fé na fé, e é por essa razão que a elite prefere manter o pobre fiel, alimentando suas crenças inúteis.

Observe e veja, pode ser doloroso, mas a fé é apenas um anestésico para calar a revolta e evitar revoluções, pois toda a revolução é fruto da desobediência, da duvida e da falta de fé num atual sistema.

domingo, 14 de julho de 2013

A Primeira Cápsula - Mais De Mim

Por que tenho que fazer isso? Perguntei a mim mesmo enquanto olhava fixamente para uma pequena cápsula entre os meus dedos. 20mg (disso) por alguns meses e tudo vai parecer melhor...

O meu único orgulho em vida é ser quem sou, é pensar o que penso, é a diferença para com os comuns que vejo e convivo nessa sociedade decadente, primitiva e podre.

Por que é mesmo que estou fazendo isso? Adaptação? Para conseguir de fato ignorar tudo aquilo que não consigo ignorar sozinho e ser “feliz”? Afinal, toda a minha busca por auxílio profissional é proveniente de uma angústia que por sua vez é fruto da falta de ignorância.

Não sei ignorar ou viver o tal do “mundo real”, o mundo egoísta onde tudo o que importa são nossas metas pessoais e individuais mesmo quando envolve um pequeno grupo chamado família, o mundo onde os problemas que não são diretamente nossos não nos importam, é nesse mundo que devo mesmo viver?

Lembro que quando era mais jovem me disseram que eu aprenderia a ignorar, pois eu teria muitos problemas pessoais para dar atenção aos problemas dos outros e para o rumo que vai o mundo...

É doloroso, mas eles estavam errados, não aprendi a ignorar e fui me importando cada vez mais, até me esquecer ou me sentir parte de todos eles.

A dor mental se materializou em autoflagelo e algumas erupções na pele. Parece que o futuro de todos aqueles que tomam as dores do outro para si é inevitavelmente a depressão, a loucura ou outros transtornos, o normal e coerente para uma boa vida é ser mesmo egoísta e embora eu seja orgulhoso do meu ego, não consigo sê-lo.

Dou mais alguns olhares pesarosos sobre a cápsula e a jogo para dentro da boca, tomo um gole de água e penso:

Pronto, logo tudo isso vai ser devidamente ignorado ou, ao menos amenizado.

sábado, 13 de julho de 2013

A Morte Do Ídolo

Em principio o orgulho, seguido de uma falta de propósito infinitamente dolorosa.

Não há mais nada para buscar, não há mais em quem me inspirar, sem ídolos sejam eles reais ou fictícios, apenas, o que o espelho mais ordinário reflete e o orgulho absurdo do que se vê.

Não há escritores que admiro, não há músicos que me influenciem de fato, não há diretores, atores, nem mesmo heróis anônimos que eu adore, não mais, há apenas a identidade de ideias simétricas e o desprezo quase arrogante para com todo o resto.

Cheguei a ter admiração por algo, e por alguns, quis me igualar aos meus heróis, contudo, fui muito além e hoje os observo do alto, envaidecido, como se fossem criaturas incapazes de me compreender ou de chegar aonde cheguei.

Nunca imaginei que seria tão doloroso e sofrível, mas aconteceu:

Eu não matei os meus heróis, eu os superei.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Pense

As questões parecem incomodá-los, pois elas tendem a perturbar a “ordem” vigente, poucos são aqueles que param para alguma reflexão e quando questionados, eles se perdem em respostas rasas e despreparadas.

É mais fácil viver uma vida de ignorância e sem questionamentos.

Questionar é tentar desfazer-se de amarras, é apontar para um novo ponto, é muitas vezes romper regras e valores mortos, e a maior parte deles não consegue viver sem isso.

Eles precisam de um guia, eles precisam de instruções para que não façam nenhuma “besteira”, eles precisam de alguém para conduzi-los do contrário eles abandonam a sanidade.

Questionar é pensar por si mesmo é duvidar de respostas simples, e isso é algo que poucos querem fazer uma vez que questões levam à verdade e a verdade leva à dor.