sábado, 26 de fevereiro de 2011

Vida Já Morta

A descriminalização do aborto é para a maior parte dos símios um crime, alguns acreditam que serviria de anticoncepcional, abominam tal ideia, talvez por ignorarem os becos.

Eles dizem preservar a vida e por isso repudiam o aborto, contudo eles desprezam o abandono de crianças nas ruas e nos rios, pois a mãe por desespero – proveniente de numerosos fatores – ou por ignorância – proveniente duma educação pobre – se vê “obrigada” a tal atitude.

E no futuro aquela criança cresce e sem recursos para uma vida digna de ser vivida acaba por roubar, matar e ser condenada ao sistema penitenciário que é outro caos.

Ao sair não há quem dê oportunidades para um ex-condenado – mesmo aqueles que tanto valorizam a vida – logo haverá uma repetição dos atos delinquentes e um final tão previsível quanto qualquer clichê hollywoodiano.

E então, o que lhe parece mais cruel a extração consciente de um feto não desejado – seja por falta de recursos ou estrutura mental da parte da gestante – ou a condenação inconsciente do mesmo a uma vida miserável de alguns anos ou até mesmo horas boiando num rio qualquer dentro dum saco plástico?

A atitude não é deveras louvável, mas quem é que pode condená-la?

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Insanidade É o Futuro

Os símios brigam entre si, eles defendem a todo o custo sua “insanidade” – dita entre aspas, pois pretendo propor uma reflexão sobre tais feitos insanos como: acreditar ser capaz de captar o que o outro sente, ver pessoas que não vivem mais, prever ocorrências futuras, entre tantos outros.

São insanos, débeis que têm de ser aprisionados em sanatórios até retornarem para o mundo do real! Eis o diagnostico.

Mas o que é real?

Que cada qual faça a sua própria definição.

Não faz muito tempo que a mesma ciência que atesta ou não a sanidade desses símios, se viu e ainda se vê, sem resposta para uma mulher – Elizabeth – capaz de visualizar as cores e sentir os sabores de todos os sons.

Seria ela outra insana, que enxerga e sente coisas que na verdade não estão ali?

Estudiosos do cérebro humano reconhecem que na “realidade” – aspas para se pensar no que é real – não existem sons, sabores ou cheiros, há apenas ondas e moléculas diversas que passam por entre os órgãos dos sentidos e enviam tais ondas ao cérebro que se encarrega de traduzi-las.

Na maior parte das pessoas cada órgão envia as informações de forma individual, com Elizabeth o que ocorre é uma sinestesia, a ciência procura decifrar como isso ocorre para estender o fenômeno – que ocorreu de forma natural com Elizabeth – para todos.

Sentidos sendo interpretados numa conexão fabulosa, ela percebe o que sempre esteve ali, porém a maior parte dos cérebros não está apta para executar tal tarefa.

Alguns fenômenos de extra-sentidos têm chamado a atenção de cientistas, há muito que pesquisar nessa área uma vez que muitos supersticiosos interferem na pesquisa séria.

O cérebro dessa espécie se desenvolveu ao longo de muitos anos para supor o que o outro sente, ele pode então se desenvolver para de fato sentir o que o outro sente como alegam aqueles que se chamam de médiuns.

A Evolução é contínua, muito do que se sabe hoje era apenas imaginário, talvez muitos atos ditos “insanos” e ridicularizados por céticos pseudo-intelectuais sejam apenas o processo da seleção natural para o aperfeiçoamento da espécie homo sapiens.

Afinal, não há razões para pensar o contrário, uma vez que eles são apenas animais em evolução.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Amor, O Primata

A solidão os assusta, talvez porque tenham aprendido na história da sua espécie que quando estão sozinhos, são presas fáceis aos mais débeis predadores. Eles se uniram e aprenderam que com a formação de alianças podiam vencer.

Eles se saíram muito bem.

Multiplicaram-se e tornaram-se a espécie mais bem sucedida de primatas, já não há solidão, pois eles são numerosos. Contudo a insatisfação dentro de cada um desses seres é quase que um buraco negro, que os suga para dentro deles mesmos numa angustia interminável.

E esse efeito “inexplicável” de sofrimento é apenas a consequência de um cérebro que se desenvolveu demais.

As conexões neurais prosseguem numa velocidade incrível, e as emoções – eternas mutantes – começam a ser interpretadas por esses ignorantes como sentimentos profundos e mais erroneamente, como: sentimentos eternos.

Toda a presença, toda a experiência gera uma emoção e os sentimentos são frutos das interpretações que cada um dá para essas emoções.

A alegria de ver alguém, se agradar pela beleza de alguém ou um momento de prazer próximo de um alguém, pode gerar a interpretação do que esses símios chamam de amor e na verdade era apenas mais uma de milhares de emoções que o cérebro produzirá.

Vale à pena, jogar-se rumo ao nada como um malogrado suicida qualquer e ter a sensação de estar cometendo um honroso haraquiri?

Talvez, eu esteja exigindo demais quando lhes peço para reconhecerem a inverdade do amor, afinal, eles são seres primitivos e o amor uma ideia primata.