sábado, 30 de julho de 2011

A Beira Da Loucura

A psiquiatria não pode me ajudar, tudo o que me propôs foi dopar-me, numa constante prostração da mente e do corpo com drogas legais como a amitriptilina, uma vez que fora constatado – em 30 minutos de conversa – que minhas crises derivavam de estresse e ansiedade.

O som alegre, vulgar e burro desses miseráveis humanos alimenta uma chama destrutiva e autodestrutiva dentro desse corpo que habito e percebo então, o aumento na frequência de minhas crises de paralisia noturna.

Pedia apenas uma razão para eu compreender todos os sorrisos e consiga por fim digerir essa sensação inexplicável e inexpressível que me traz algum tormento e a resposta fora calar minha mente e danificar meu corpo com medicações psicoativas.

É só isso? Inútil e inadmissível para mim.

Seja por conselhos de variáveis psicólogos, seja por drogas alteradoras de humor, não há de minha parte intenção de “mutar” aquilo que sou, com conformismo e comodismo, pois sinto prazer em sofrer pelas razões que sofro, em odiar aquilo que odeio enfim tenho extremo orgulho de meus defeitos e minhas qualidades, afinal isso me torna distante dessa indiferença toda contida no egoísmo desses tolos.

Minhas perturbações noturnas continuam e continuarão enquanto eu me importar mais com esses miseráveis do que comigo, enquanto o correr das horas tiver alguma relevância para mim, enquanto o imaginário desses hominídeos impedir o progresso com superstições, enquanto a violência for o único ato, enquanto eu me importar – e espero sempre dizer que me importo – essas perturbações existiram em mim, levando-me às vezes a beira da loucura.

domingo, 24 de julho de 2011

Crias Da Omissão

Não fora a arma apontada para meu revés e eu, nem mesmo os itens furtados – carro, celulares, documentos e afins – ou os impropérios utilizados por aquele misero humano, mas a ausência de luz – compreensão – nos olhos daquele que poderia ter dado cabo de minha conexão com esse corpo e com a vida de meu revés.

Faltava-lhe algo e essa falta estava clara na escuridão de seu olhar. O que os leva a um ato tão irrefletido?

Será que há alguma razão por trás de todos esses atos? Não acredito no mal puro em nem uma das espécies animais existentes, tão pouco entre essa espécie – a humana – que se orgulha da capacidade extraordinária de raciocínio.

Todos eles possuem sua própria história e circunstancias vividas, que lhes oferecem os mais surtidos caminhos. Talvez esse miserável não tenha tido bons frutos e nem feito boas escolhas e então sua única alternativa tenha sido aquela que se apresentou para nós.

Se tudo tivesse acabado ali para meu revés ou para minha conexão, ele seria mais um monstro aos olhos da sociedade e até mesmo aos olhos desse corpo que tomo emprestado, contudo seria apenas mais uma cria dessa sociedade decadente.

Cria de um sistema penitenciário falido, que no lugar de punir e reeducar fortalece a cólera interna desses que se sentem desfavorecidos, cria de policiais corruptos que são crias de uma má remuneração criada pelo amor ao poder que por fim é estimulado por uma cultura consumista e fetichista.

A educação fora abandonada e os humanos se formam com seus instintos primários, onde o mais forte devora o mais fraco, onde uma vida vale o que se pode pagar, uns são libertos do homicídio pagando trezentos mil, outros com menos e quem não pode pagar é punido por furtar uma margarina.

Mas a alegria continua entre um mendigo queimado e outro seja no mundial, seja no carnaval os humanos ainda dançam e cantam numa omissão e conformismo incompreensíveis mesmo para mim.

Os humanos amam e porque amam são corruptíveis.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

A Felicidade É Dos Ignorantes

Olhos – Eu devia tê-los fechado quando noteis que estavam ligeiramente abertos, talvez assim eu caminhasse igual a eles. Não condeno a razão de seus sorrisos na verdade até os invejo, gostaria apenas de saber como é, contudo não sei ignorar como eles sabem.

Eles ignoram com assombrosa maestria a violência gratuita aplicada por todos os cantos, ignoram as emoções alheias expressando todo seu preconceito, ignoram os mortos que não se justificam por nenhuma razão, ignoram e sorriem com uma felicidade demente.

Por que despertei? Talvez para ser unicamente o bode expiatório e receber a culpa por todos os atos atrozes desses hominídeos.

Se eu tivesse parado nos primeiros livros, se eu não tivesse me questionado tanto sobre aquilo que me cerca, se eu não os observasse com sincera semelhança, talvez assim eu compreendesse a anedota da vida humana, talvez assim eu partilhasse dos sorrisos.

Contudo, finalmente compreendi que a felicidade é dos ignorantes e que não sei ignorar.

domingo, 10 de julho de 2011

Entre Drogas e Religião, a Salvação

Brasil, o país sul-americano campeão no consumo de maconha e cocaína é agora também, o país mundial da bíblia.

Não há paradoxo algum na frase que criei para iniciar esta reflexão, afinal, tanto as drogas como as religiões oferecem aos humanos um conforto similar e os humanos as procuram em situações parecidas.

O cotidiano do mundo “real” é desagradável e cru para a maior parte desses hominídeos desde o estresse do trabalho até o festival do sangue nos noticiários, outros sofrem ainda com o desemprego, contas a pagar, enfim, todos possuem a sua própria triste história, mas todos partilham de uma mesma ansiedade diante da certeza da morte.
Alguns em maior outros em menor grau, mas todos são afetados de alguma forma, e a saída é a desconexão com o mundo real.

Todos procuram um mecanismo de escape, uns mais outros menos nocivos, porém com o único propósito de experimentarem outra realidade diante da crueldade da vida e os campeões: Drogas e Religiões.

Um mundo alternativo é criado na mente, uma sensação de paz e alegria intensa, o mundo parece mais colorido, os sentidos e sentimentos são aguçados e finalmente está selada a conexão com outro mundo através da química da droga escolhida ou através da indução da religião de preferência.

Alucinações visuais e/ou auditivas são comuns e semelhantes nas narrativas entre aqueles que sofrem o efeito temporário das drogas e aqueles que gozam do beneficio “divino”.

Eles parecem distintos e distantes, mas legal ou ilegalmente eles caminham na mesma estrada, procurando formas para aliviarem seus pesares, e também o seu anseio ou pavor diante da certeza do esquecimento eterno que é a morte.