sábado, 31 de dezembro de 2011

Réveillon Sem Despertar

E os moribundos recuperam as forças como que por magia, eles olham para o horizonte apostando no novo dia. As promessas saem sem que se perceba e jamais serão cumpridas – já vi isso antes – o ano que se faz novo trás cargas ainda tão primitivas.

Não importa o numero de ciclos realizados pelo globo, tudo será igual se não houver a menos um pensamento novo. As ações se repetem igual e incessantemente.

Os embriagados do ano velhos serão às noticias do ano novo e, isso se repete a cada ano adormecido, as esperanças se renovam, mas não completamente eles esperam que velhos atos gerem resultados diferentes.

E embriagados pelo álcool ou apenas pela euforia, eles perdem a razão, expondo então, a hipocrisia que outrora ocultada se mostrava, porém tímida.

São os mesmos primatas em atitudes e ideias.

Ao som de fogos de artifício, eles passam a noite em vigília aguardando para celebrar, é apenas mais um réveillon, afinal, já não creio que irão de fato despertar.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

O Erro

A morte por fim lhes trará a paz, harmonia, tolerância e tudo aquilo que eles foram incapazes de encontrar em vida, bastando apenas que sejam hipócritas ao longo dos anos estipulados por seus telômeros ou permitidos pelo acaso.

Eles aguardam o paraíso e, apenas aguardam para isso, não há qualquer ação sincera, eles esperam sempre um troco, o céu póstumo é fruto evidente do: “tudo é pouco”.

Eles querem, eles exigem mais, a bondade pelo bem ao próximo não lhes é o suficiente.

E muito bem alimentados de hipocrisia, eles seguem seu dia a dia apontando um dedo, esquecendo dos outros três. Nada pode ser relevado, perdoado ou tolerado e nem tão pouco compreendido, mas nas sagradas orações isso parece transbordar.

Eles pedem pra um deus um mundo com mais amor, eles pedem pra um deus harmonia e tolerância, pois estão cegos demais pela própria ignorância para compreenderem que a falta disso tudo vem das próprias atitudes.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Todos Os "Preços"

Enquanto o corpo que tomo emprestado mecanicamente repetia os movimentos exigidos para a labuta, o eu em essência pairava por toda a criatura que ali permanecia, buscando em suas memórias as razões que lhes levam àquela rotina.

Sonhos, desejos, obrigações ou apenas a mecânica inquieta desses mamíferos avançados?

O que de fato os leva para momentos distantes de seus reais anseios, apreços e tudo o que lhes realmente propicia algum prazer? Foi-me possível ver, alguns possuem planos, outros, obrigações, mas a maior parte, apenas responde a espasmos resultantes do processo evolutivo.

O sentido da vida para o grupo dos planos, parte de uma “ordem maior” – a vida deve ser mais do que simples espasmos, deve haver sempre algo para se conquistar. Embora isso seja inerente ao ser humano, no grupo dos “planejadores” esse principio é mais intenso.

O sentido da vida para o grupo das obrigações nasce com elas – os afazeres, eis a locomotiva que leva todas as ações desse grupo a diante, quase sempre insatisfeitos, mas amarrados por seus afazeres. As obrigações aparecem em todos os grupos, mas nesse, ela é a única razão das ações.

No terceiro grupo, o sentido da vida é apenas a vida, um processo de equívocos desmedidos e eventos aleatórios encaixando em suas histórias amores e dissabores sem qualquer ideal para o futuro incerto.

Não consigo, porém, enxergar o erro em nenhuma das citações acima.

Cada grupo segue como melhor lhe cabe, ou como se sentiu acomodado, poucos ousam romper limites ou regras tão latentes. Não há razões pra condená-los ou subjugá-los.

E ainda dentro de suas memórias me eram visíveis seus apreços, as lágrimas emergiram, mas logo se contiveram, afinal, aqueles sonhos não eram meus. Aqueles desejos, aquele vazio, aquela busca, nada era verdadeiramente parte de mim, eram apenas fragmentos de memórias alheias dissipadas no ar que pude captar pelo breve instante em que me vi por essência.

Voltando a mim, passei com os olhos mecânicos por todos a minha volta e podia notar o valor real de suas horas, os humanos costumam ver apenas um preço, contudo vejo algo muito maior.

Os humanos não se vendem por preço algum, mas se vendem sem notar por seus sonhos, deveres, anseios, e muitos outros e é dessa forma que se pode alcançar todos os “preços”.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Humanguera – Uma Flor De Lótus

A cobiça, raiva e ignorância, eis as três forças que movem esse mundo, um mundo, onde primatas “desenvolvidos” se colocaram no topo. Embora praticamente todos portem alguma fé, poucos possuem o que eles chamam de “alma” ou, como prefiro “essência”.

Eles corrompem porque amam.

Toda a lama, que eles chamam de sociedade é visivelmente podre e imunda, são criaturas egoístas no máximo nível, intolerantes e altamente destrutivos e, mesmo para mim, torna-se demasiadamente difícil acreditar num horizonte razoável para esses mamíferos.

No entanto, o meu profundo apreço e curiosidade para com esses hominídeos, me mantêm atento a qualquer “esboço de alma” e, com muito custo é possível notar um “raio de luz” legitimo nessa espécie, como que um “próximo passo evolutivo” na mente desses primatas.

E como uma lótus, eles emergem de toda a lama, apontando para um futuro de caridade, tolerância e compreensão.

São naturalmente mais reflexivos e avançados para a idade biológica, atentos ao comportamento a sua volta e donos de grande empatia, sofrem mais que os humanos e superam muito mais também.

Ainda são meros humanos, porém estão um passo à frente, são menos superficiais, menos brutos, menos cegos, são mais do que se pode ver ou supor, são poucos, mas profundos, são a sombra de uma nova era, são o que costumo denominar de “humanguera”.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Homo Sapiens, Eis A Condição

Amor, uma palavra simples, mas carregada de muitos sentidos aos humanos, ora justifica um apreço incondicional, ora um ciúme doentio e às vezes, homicida.

Posso relatar numerosos casos de homens queimando e matando suas mulheres e/ou filhos que tiveram com as mesmas, pelo simples fato de não aceitarem o fim de um relacionamento.

É possível ver não só ai, a fragilidade contida na instituição do casamento, não importa os juramentos feitos ou o “poder” que o orador supõe ter, qualquer um pode narrar sem esforço mais de três casos de traição dentro dos laços “sagrados” do matrimonio.

Violência, promiscuidade, vícios entre outros atos primitivos não são exclusividade de uma “orientação” são apenas efeitos dessa condição primitiva, frágil e tola chamada homo sapiens. Dito isso, sei que fica clara aos mais atentos a ideia central dessa reflexão, mas vou deixar mais pronunciada a intenção.

Faz pouco tempo que ajudei a imprimir, recortar, dobrar, grampear e produzir uma revista, voltada obviamente aos seguidores da superstição cristã, o titulo: “Catecismo Contra O Homossexualismo, por que temos que defender a família”.

Li com atenção até onde me foi possível, afinal é doentio, agressivo, repulsivo e de profunda ignorância e nem podia ser diferente, afinal, são só humanos falando de outros humanos, mas fica claro que homem “santo” que tecera os textos não enxergara isso.

Os textos enaltecem o relacionamento heterossexual, alegando que somente nele é possível a felicidade e algum amor – já que para eles o amor só pode ser experimentado por anjos e pelo próprio Deus. Primatas!

Nas descrições que abrem essa reflexão deixo claro que, a fragilidade e a instabilidade existem também nos relacionamentos defendidos por eles, pois a fragilidade e a instabilidade fazem parte dessa condição primitiva.

A tolerância e o respeito podem existir em qualquer relacionamento, assim como seus inversos.

Nos textos, eles falam ainda de neurose, doença psíquica e sustentam uma ideia de “cura”, mas apenas para relembrar de algo que já escrevi há muito tempo aqui: “O índice de suicídio elevado entre os homossexuais – fato que eles também descrevem nos textos – deixa claro não tratar-se de uma condição mutável, do inverso eles - os amantes de seus iguais – optariam por viver, pois no final ninguém quer morrer.”

Sendo os humanos tão primitivos, não duvido que tal publicação – a revista supersticiosa – incite o ódio e justifique as ações odiosas contra uma minoria e nem seria a primeira vez na história que textos “sagrados” levam a imposição do “certo”, ao derramamento de sangue e a opressão de seus iguais na condição que lhes cabe do processo evolutivo.

O lado que me encontro é o lado da razão, da consciência e da compreensão.