terça-feira, 31 de agosto de 2010

Sensibilidade Divina

Tudo o que eles querem é produzir e criar, mas se não houver retorno, então, eles destroem e fazem tudo de novo, pois eles querem maquinas perfeitas que sigam os seus caprichos. Eles devem temer uma rebelião, por isso criam dispositivos para a geral destruição caso suas criações lhes ofereçam riscos.

E em seus discursos há tanto amor, palavra que por mais que eu me esforce, não compreendo, talvez, por não haver significado algum, seja aqui o noutro mundo. Talvez, amor, signifique vender, afinal, é o único sentido, uma vez que ele só é exibido quando se quer algum lucro, financeiro ou emotivo.

O melhor é oferecido, mas nunca é realmente dado, compreendo que seja apenas o motivo para movê-los numa corrida sem destino algum.

E eles cobram de um deus inexistente algum sinal de afeição, quando todos os seus atos são glaciais com uma única razão, atingir o próprio gozo com o desprezo estampado por seus iguais e diferentes.

domingo, 29 de agosto de 2010

Na Escuridão

Tudo o que tem e tudo o que é, possuem um mesmo destino, todos os mortais sabem, mas poucos estão preparados para a hora de ir, eles querem mais tempo, eles possuem medo, afinal, não há certeza alguma.

Há um mito da criação que diz que os humanos, foram feitos da argila, e que ganharam vida, através do sangue de um deus rebelde, herdando assim, a inteligência e a alma imortal. E eu sei que no fundo, muitos desejam que o mito esteja certo.

E então, faz-se presente e até necessário, o papel das religiões, com promessas de recompensas após a vida que dão aos mortais, esperança e serenidade para encarar esse salto do qual nenhum humano pode escapar no desafio final.

Talvez haja sonhos e talvez sonho algum, talvez haja alguma verdade no que fora dito antes e talvez, tudo seja uma grande mentira terminada na mais profunda escuridão.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

"Sofia"

O absoluto – A verdade irrefutável da qual os humanos sentem-se tão necessitados. Aquela verdade que lhes assegura de qualquer ataque de duvidas e questionamentos internos ou externos.

Particularmente acredito (não é uma palavra que eu costume usar) que exista uma verdade absoluta e irrefutável, mas compreendo também que os humanos nunca chegarão a ela.

Tratando-se de ciências exatas, fica clara a existência de verdades absolutas o tempo todo, há vezes em que há mais de um caminho para se chegar a ela e sendo uma verdade absoluta todos eles levarão até essa verdade.
Na vida humana, porém, ocorre que não se pode confirmar com absoluta convicção e nem negar com absoluta convicção.

Nasce então, a ideia de verdades relativas, cria da necessidade humana de respostas para o mundo ao seu redor, e então, podemos ver grupos divididos por possuírem verdades distintas.

Talvez, um dos grupos esteja correto, talvez todos os grupos estejam errados, porém, esse é o trabalho da filosofia, não o de dar respostas, mas o de dar questões, afinal, são elas que colocam os humanos em algum sentido.

Um mundo cheio de respostas seria estável e sendo assim não teria vida.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Identidade

Milhões de anos de evolução não lhes parecem suficientes, o descontentamento com a maravilha da evolução é clara no comportamento humano. A procura por um aperfeiçoamento daquilo que levou milhares de anos para se projetar continua e, mesmo aqueles que pensam serem produtos de um designer superior desfiguram-se continuamente em busca da aparência perfeita.

O ódio por si próprio é tão claro que não pode ser visualizado.

E após o total desprezo do processo evolutivo, os monstros da beleza seguem suas vidas, cheios de auto-estima, criados de uma mutilação desnecessária com o propósito tolo de agradar os olhos de quem os veem ou ainda de agradar os próprios olhos, esquecendo que jamais deixarão de ser os monstros de outrora.

Estética é a palavra de ordem, a procura por cirurgias plásticas é constante e crescente entre machos e fêmeas, porém o preço da beleza pode ser alto, alguns perdem a própria vida durante cirurgias aparentemente banais e a procura por uma aparência perfeita pode tirar dos humanos aquilo que eles defendem e procuram constantemente – A identidade.

“Ainda que a identidade se encontre muito além da imagem física, é perturbadora a ideia de olhar-se no espelho sem jamais encontrar vestígios daquilo que a natureza lhe ofereceu como quem você é.”

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Nunca Mais

O silencio é profundo e o consentimento está representado nos joelhos que sangram em conflito com o solo. A terra se agita em todos os âmbitos e o silencio prossegue, trajado com um branco incompreensível para o momento que é de caos destrutivo.

As orações apenas calam as consciências, talvez isso seja o melhor que eles conseguem fazer. Eu sei que não haverá nada mais, afinal, todos parecem mortos dentro de si.

A definição de vida já não se aplica além da teoria, a existência inconsciente é o que os leva para a autodestruição. Dias e dias de trabalho exaustivo que esgotam o corpo, mas o que importa? Já é automático.

Nem mesmo o passado é capaz de ensinar-lhes algo.

E mais uma vez a história se repete sem ninguém notar, a esperança parece finalmente estar morta dentro de todos eles e os poucos que ainda bradam, mal podem ser escutados em meio ao silêncio de dor.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

O Código

Compreendo todo o sistema ao meu redor, claro que não concordo com todo ele, mas faço o que é preciso e às vezes, somente o que é necessário.
Os humanos tentem a rebelarem-se contra condições do sistema social, alguns são sutis fazendo uso de simbologias nas vestes, na pele ou cantarolando canções de claro protesto, outros são tolos extremistas.

Minha rebelião já foi tola e extremista, mas vivendo como um humano entre humanos tive de aprender e aceitar as condições impostas para o convívio social. E observando-os mais de perto percebi algo que os incomoda muito:

O trabalho que desgasta o corpo e aprisiona a alma, tomando-lhe muitas vezes a vida em vida.

E então, eles passam e passaram a se vender para quem pagar melhor, poucos trabalham no que gostam e poucos gostam do que fazem, mas muitos procuram a melhor remuneração, já ouvi deles frases como: _ “Ninguém vive de sonhos.” E os princípios são deixados de lado para viver uma vida quiçá falsamente feliz.

Meu protesto? Há uma marca em meu antebraço direito que diz que os humanos (incluído o corpo humano que tomo emprestado) não passam de produtos. Não que se vendam por e apenas por dinheiro, mas porque partilham de um sistema de trocas praticamente inevitável.

E para aqueles que pensam como pensei um dia, saibam que isso não vai mudar, afinal é marca de todas as sociedades, apenas agarre seus princípios e ideologias (que ao contrario de que dizem não são tolas) e faça o melhor para você e por você.

Se vender é inevitável.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Me Disseram Uma Vez

Nada do que vivo para mim é desperdício, afinal, sei filtrar de qualquer situação aquilo que é útil para mim. E numa das minhas tentativas de experimentar os tais sentimentos afetivos que os humanos dizem dar um sentido para a vida, me defrontei com uma questão interessante quanto ao meu ateísmo.

Durante o diálogo surge essa frase remetida a mim: _ “Você deve receber evidencias demasiadas da existência de Deus e fica tentando desesperadamente refutá-las para se declarar ateu e no fundo você sabe que não pode.” Eu apenas esbocei um sorriso e respondi que o ponto de vista fora interessante, porém não convincente, afinal, não há mérito em ser ateu.

A prosa então tomou rumos tolos depois disso, entrando em todo aquele padrão de conversa de interessados num relacionamento afetivo, coisa que eu particularmente já dispensava. Minha “frieza” afetiva fez do encontro o que eles chamam de “um tremendo fracasso”, porém não penso assim.

No caminho de volta fui digerindo aos poucos o tal ponto de vista e percebi que estava correto ao avesso, não recebia demasiadas evidencias da existência de Deus, mas sim de sua inexistência e o que queria era apenas uma, uma única prova do contrário.

Não há revolta em meu ateísmo há apenas lógica, o contrário do que vejo com muitos “ateus”. Eu defendia a todo custo a existência de Deus, mas fui percebendo que posso também defender a existência de um unicórnio invisível, em ambos a questão é crenças contra evidências.

Particularmente, gostaria mesmo que houvesse um deus, alguém que olhasse para mim nos momentos em que um declínio de serotonina e endorfina no organismo me acometessem (provocando a ideia de solidão), sei que seria reconfortante crer nisso e é por essa razão compreendo aqueles que acreditam em um ou mais deuses, mas sei que jamais vou compartilhar de suas crenças e sei que o ‘Jamais’ não é exagero, uma vez que lutei muito para acreditar.

“Não é fácil abrir os olhos e encarar a realidade, pois mesmo que tente fechá-los as imagens estarão em sua memória gritando fatos que você não pode negar.”

sábado, 7 de agosto de 2010

Sociedades

Os costumes sociais são impregnados em cada indivíduo e o cega de forma tal que qualquer outro costume lhes é absurdo e aqueles que simplesmente não se encaixam nos exatos padrões de comportamento são mal vistos.

Os humanos são pouco tolerantes quando se trata de diferença comportamental.

Todos reagem cada qual a sua maneira, uns mais agressivos outros menos, mas todos esboçam alguma reação e não é culpa deles, afinal, todas as sociedades possuem seus próprios costumes e padrões comportamentais, todos influenciados por seus mitos que, influenciaram suas crenças, que influenciaram sua política e que por fim influenciou seu “comportamento” e romper tais costumes em algumas culturas é letal.

Porém, há algo muito mais forte e que se sobrepõem a essas regras é a necessidade biológica.

A voz dos instintos em prol da espécie: Uma mãe que cria amor por seu filho graças à liberação de certos níveis de serotonina no momento do parto, o impulso que leva a relações extraconjugais e que favorecem a perpetuação da espécie e muitos outros comportamentos que rompem as barreiras dos costumes sociais, mas que são claramente naturais.

Nem todos se encaixam nos padrões oferecidos pela sua sociedade, alguns não se encaixam em padrão de sociedade alguma, mas seus instintos estão ali, tão latentes quanto os de quais quer um e mesmo que todos o olhem como o esquisito no final ele é apenas um animal tentando sobreviver de forma alternativa dentro de sua sociedade.

Para conhecer a verdade é necessário abrir mão das opiniões.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Perdendo...

Numa conversa com alguém com quem compartilho de afinidade genética, percebi o quanto estou perdendo de mim dentro de mim mesmo e o pior de tudo é que por mais que pareçam essas palavras não são lamentações.

Recentemente vi um breve “show” de mágica e como bom observador que sou, notei os movimentos que davam origem ao truque, logo a magia não afetou a mim como afetara os outro ao meu redor e foi quando percebi que é exatamente o que ocorre em minha atual experiência.

Estou percebendo as origens dos truques e eliminando toda a magia que outrora iludira meus olhos.

E na conversa foi esse o argumento que utilizei. Afinal, como olhar encantado para uma “magia” já conhecendo o truque? Posso admirar a habilidade do mágico em movimentar-se rapidamente, mas ainda assim, eu sei qual é o truque. E então, perguntei:

“_Estou perdendo alguma coisa com isso?”

Uma voz séria e que ao mesmo tempo demonstrava sentir certa lamentação por mim respondeu breve:

“_Muito.”

Não tenho o mesmo coração que ele, nem mesmo nossa semelhança genética fora capaz de me dar metade daquilo que ele é em emoções, que aos meus olhos são tolas, porém, ao ver todos os humanos lutarem para se perderem nas repetições em busca de um novo desfecho causa-me pequena sensação de falta.

Meu maior medo não é de estar errado sobre tudo aquilo que compreendo como verdade, mas temo pesarosamente o fato de poder estar com a razão...

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Inuma Ilu Awilu

“Eles não se lembram quem são e nem mesmo de onde vieram, afinal, toda a sua sabedoria milenar não apaga a fragilidade da memória. Quando eram mortais e donos de uma vida curta o afeto inconstante e instável fazia deles criaturas humanas, mas agora não há sequer definição para eles.”

Talvez, toda a sua mitologia seja uma história projetada para o futuro, eles almejam atingir o céu e ter o domínio sobre a eternidade, eles não querem morrer e talvez, todos queiram virar deuses.

Será essa a grande ajuda humana para a evolução?

De fato, quando os humanos tornarem-se imortais muitos de seus tolos valores irão se perder, porém o preço será alto e compreendo que poucos terão coragem para aceitá-lo. A vida eterna lhes ensinaria a imparcialidade e a difícil divisão entre o senso e a razão, lhes ensinaria também a inutilidade dos seus deuses.

A vida eterna mudaria dramaticamente a definição do que é ser humano e, talvez eles deixassem de sê-lo.

As lembranças dolorosas seriam apagadas ao longo de milhares de anos e apenas os conhecimentos recentes seriam usados, sabedoria ilimitada e emoções canceladas um preço alto de mais para que os humanos atuais se deixem levar.

Um dia os humanos criaram deuses e algum dia os humanos serão seus deuses.