sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Do Caos

E então tudo se desfaz diante dos olhos, o que era um se espalha em milhares de pedaços disformes, a ordem já não se faz mais presente e o desespero demente parece então, consumi-los em absoluto.

E desesperados, eles se apressam para juntar e colar os fragmentos, eles querem restaurar e fazer dos cacos o velho de novo.

Talvez, se eles tivessem pensado melhor veriam naquele instante uma chance, uma chance de se ordenarem através da desordem. O caos traz para a superfície o que está oculto no meio da ordem, o caos traz novos elementos que somados aos velhos podem dar bons e novos resultados.

A desordem universal, a queda no abismo do espaço, a aleatoriedade no tempo infinito foram encaixando as peças menos prováveis e trazendo com isso infinitas possibilidades, uma delas, a nossa existência.

Somos frutos do caos, então, por que não enxergarmos nele também, a chance de renovação?

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Só A Morte Os Revela

Resultado da minha ausência de fé na bondade natural dos seres humanos, ou pura crueldade de minha atual condição, mas gosto deles (os humanos) quando esses se encontram quase mortos, fragilizados ou acuados, pois somente nessas circunstâncias eles revelam sua real natureza, seja ela boa ou má.

Eles se sentem libertos, afinal, o que hão de perder?

Quando quase mortos a dor lhes é extrema, o medo, a angústia, a tristeza, a raiva e todas as outras emoções também são extremas e assim, mentir lhes é mais difícil e até desnecessário, suas máscaras caem ou são simplesmente abandonadas, e então, eles respiram aliviados sem o sufoco provocado pelas mentiras que sustentaram até ali.

Eles revelam para qualquer um suas histórias, exibem suas cicatrizes justificando as suas boas ou más ações e trazendo com isso sua essência humana.

Diante da morte só lhes resta engolir o orgulho, revelar os pontos exatos da dor, despir-se de todas as falsas faces e aceitar a própria verdade.

Diante da morte resta-lhes pouco, quase nada, pois a morte lhes tira todo o peso deixando com eles apenas a honestidade daquele derradeiro instante.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Felizes Leprosos

Por que eu deveria moldá-los? Sua doença contagiosa e corrosiva parece ser o que os torna felizes. Que cruel eu seria se mostrasse a esses tolos a dor e o sofrimento, quando o éden lhes é ofertado ao som da ignorância.

Eles estão felizes, os sorrisos, embora burros, são sinceros, eu posso abominar os meios que lhes levam ao sorriso, contudo devo aceitar que sua felicidade é real.

Sou o único infeliz, absorvendo em vão um sofrimento que suponho corroê-los, pois sei (ou creio saber) que não há muito mais que a vida fútil e tola que eles amam.

Talvez, o melhor a fazer seja desistir, desistir de mostrar-lhes um mundo sem graça e sem cor, afinal que benefícios isso lhes traria, se para mim só trouxe o isolamento (insuportável para a maior parte deles) e um tumor mental incurável?

Eles estão satisfeitos. Não há mais nada que eles queiram passar ao futuro senão a ideia hedonista que os acometeu, eles não buscam mais por conhecimento e tampouco transmitir conhecimento para que o por vir possa ser melhor.

Talvez eles sejam somente reféns, talvez já estejam mortos, mas estão felizes em sua condição de leprosos. Por que curá-los?

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

As Palavras Do Mestre

Do que adiantou puni-lo? Você ainda repete os mesmos atos insanos visando um resultado diferente do isolamento e da queda. Sua condição humana parece não lhe ter serventia alguma, pois você ainda carrega a presunção original que o afastou de mim e que agora, o afasta de todos.

Quem é mesmo o tolo?

Eu não estou sozinho. Possuo seguidores e adoradores que propagam o que sou, quem sou, e o que desejo enquanto a sua solidão somente o enfraquece.

Compreendo que desacredite dos meus métodos, mas você observa com clareza todos os meus atos, e a fim de contrariá-los, escolheu o sofrimento como fonte única de reflexão e alimento.

Estou lhe ofertando uma nova chance, não de acreditar em mim, mas de perceber o quanto desacreditas de você mesmo, pois você não caiu sozinho, levastes consigo um terço dos meus com seus discursos, ideias e a coragem de enfrentar o indestrutível.

Eles acreditavam em você, e agora você se acovarda?

Junte-se a eles, lidere-os, e mostre-me o quão errado estou em amar esses adoráveis macacos, ou mude-os já que discordas da criação.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

(Re)Aprendendo A Ser Humano

Humano, não me recordo se um dia eu o fui, contudo, parece que há ainda algo em mim que sente necessidade de tocar e sentir como eles, porém, que não possui a menor ideia de como fazê-lo, até gestos simples me são demasiadamente complexos, mas novos eventos me fizeram continuar a tentar.

Tento abraçá-los, “amá-los” (ainda que eu não compreenda tal conceito de outra forma, que não neuroquímica), tento acreditar que há ainda algo de bom entre eles, mas que talvez eles tenham esquecido.

Sei o que é o ser humano, compreendo em teoria suas adversidades, suas fases e faces, compreendo a dificuldade que possuem para ter uma conduta não egoísta, uma vez que são guiados por impulsos tão primitivos e emoções tão instáveis.

Os humanos sempre me despertaram profunda curiosidade, mas também repulsa e receio; receio de sê-lo, receio de cometer os mesmos erros vis, receio de sentir e ser tocado.

Abrir-me sempre foi complicado, mas estou disposto a aprender, afinal é preciso ser humano para compreendê-los de dentro para fora, e embora eu sempre tenha repudiado tal ideia, agora ela se faz mais presente e mais necessária.

Sei bem o que é o ser humano, agora tenho a complicada missão de (re)aprender a ser humano.

domingo, 1 de setembro de 2013

Solidão Sinônimo Liberdade

“Quanto maior o numero de pessoas que te observam, maior o peso de suas ações e palavras.”

Estou cada vez mais disposto a um compromisso sério e eterno com a solidão, estou a ponto de manter-me afastado de meus pouquíssimos amigos, estou ao ponto de romper com todos os poucos vínculos que criei, quero apenas a companhia da minha sombra e nada mais.

Quero libertar-me do peso de medir as palavras para não ferir ninguém, quero livrar-me do peso de um falso sorriso para que as pessoas acreditem num bem-estar que nunca existiu, quero livrar-me das poucas pessoas que me obrigam a fingir, não por não me suportarem como sou, mas porque de algum modo passei a me importar com elas.

Não é a solidão que me causa mal, mas conviver em sociedade, afinal, em sociedade é preciso ouvir e compreender pontos de vista que me parecem primitivos e inúteis, respeitar opiniões estúpidas, obedecer alguém de intelecto muito inferior ao meu, compreender e respeitar regras criadas por um grupo que acredita em contos que ofendem a mais infantil das mentes.

Em sociedade a maioria é escutada e a meu ver a maioria está miseravelmente enganada, em sociedade é preciso calar o orgulho para um bom convívio, em sociedade é preciso dar satisfações, usar máscaras sociais ou tomar drogas e mais drogas para tentar adaptar-se a toda essa estupidez sem taxações.

A solidão não lhe cobra boas roupas, bom emprego ou salário, bons modos à mesa, um bom vocabulário ou qualquer outra coisa. Sozinho não há nada nem ninguém com quem se preocupar, sozinho sou único a quem posso ferir.

A solidão absoluta é também a liberdade suprema.