terça-feira, 30 de abril de 2013

Nada Muda


Vocês se separaram por ideias e convicções que te fizeram engolir, e separados não há protesto capaz de se fazer enxergar.

É tudo o que alguém deseja: separar o mundo em milhares de pequenos grupos, pois é mais fácil vencê-los assim.

Vocês são semelhantes quando vistos do espaço: minúsculas criaturas procurando formas para se manter, criaturas frágeis e sem valor algum para a implacável e indiferente natureza, mas alguém os fez acreditar em sua preciosidade acima de outros, alguém os fez acreditar que são especiais.

E é com essa crença deturpada que vocês seguem lutando por todas as razões erradas, querem beneficiar apenas a si, ou ao grupo ao qual pertencem, ignorando que poderiam lutar por algo muito maior: humanidade.

Vocês ainda se enxergam de forma superficial, ainda são Anas, Rafaeis, homens, mulheres, heterossexuais, homossexuais, roqueiros, pagodeiros, católicos, ateus, negros, amarelos, e em nenhum momento são unicamente humanos.

E toda a nobreza que dizem possuir?

Admitam. Vocês são apenas animais egoístas, preocupados com suas angustias pessoais, querendo espalhar seus anseios particulares, tentando “normalizar” o mundo. E para vocês “normalizar” é tornar todos um reflexo exato de suas convicções.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Você, Um Milagre?


“Nossa, um carro me pegou de frente, fiquei internado, sobreviver foi um milagres.”
“Dois tiros não saíram e o terceiro tiro pegou, mas não perfurou profundamente, fui salvo por Deus.”
“Nossa, foi um milagre esse dinheiro extra, bem no momento que precisava mais.”
“Os médicos falaram que ela não voltaria a andar, e em seis meses ela andava quase normalmente, o que foi senão um milagre?”
“Não podia engravidar, mas graças à intervenção de Deus, tenho um filho maravilhoso.”

Não é raro experiências como essas se espalharem pelo cotidiano, todos possuem uma “estória” (ou mesmo história) miraculosa para contar. Sempre escuto com absoluta atenção cada um desses relatos, pois são ricos, ricos de uma vaidade e orgulho que não podem ser medidos.

Enquanto o relato do “agraciado” é feito, crianças estão morrendo, sendo violentadas, passando fome, sofrendo a dor da perda de um ente amado, sendo abandonadas e outras pessoas tão “preciosas” também perecem nas mãos do acaso.

E cheio de orgulho o “milagre” se cala triunfante, com o peito estufado de certeza de que há para ele algum propósito. E qual seria? Absolutamente nenhum deles possui de fato uma resposta.

Os “milagres” com egos inflados em nível máximo preferem a ideia de que são especiais, eles são importantes demais para alguém ou alguma coisa. E as milhares de vidas que se perderam no mesmo instante em que eles (os auto-proclamados “milagres”) foram salvos tinham menor valor?

Eles mal saíram da lama e já se enxergam no céu, olham para o alto repletos de um orgulho que vomitam por toda a parte. Quantas “estórias” já não contaram sobre intervenções miraculosas, sobreviventes improváveis de situações extremas, ou o “impossível” acontecendo em uma vida ordinária?

Quanta presunção é necessária para que um misero individuo se considere acometido por um milagre, ou pior, que se considere o próprio milagre?

Eles são orgulhos demais, afogar-se-iam por toda a vida em seus reflexos, não fosse o exemplo de Narciso.

Eles são um milagre?