Eu os compreendo ao vê-los
em profundo desespero segurando-se em pequenos fios de fé, afinal, eu sei bem o
quão doloroso é ver tudo se desfazer diante dos olhos. A dor não passa, o vazio
é eterno e o mundo deixa de ter sentido (se é que teve algum dia).
Quem é capaz de admitir
que nada tem uma razão de ser? Quem consegue suportar firmemente a ideia de que
a morte é de fato o fim absoluto de tudo, inclusive de quem se é? Quem consegue
aceitar que os entes queridos continuarão mortos e não haverá castigo ou
recompensa por bons ou maus atos?
O mundo é tão simples e
puramente o que se vê e nada mais.
Eu acreditei em
significados, punição dos maus e recompensa aos sofredores, acreditei que no
fim todo o sofrimento seria válido e que tudo seria explicado, sanando assim a
curiosidade eterna do “por que estamos aqui?” ou “que sentido tem a vida?”, mas
tudo se desfez diante de algumas questões.
Deus lhes dá sentido, nutre
a falta de razão existente, afinal, eles sofrem, engolem o orgulho, passam
períodos enormes de dor e angústia, tem que haver recompensa depois de tudo
isso, a morte não pode ser o fim sem respostas.
Por que ser bom se não há
prêmios?
Por que não ser mal se não
há punição?
Custei a perceber, mas sem
Deus eles realmente não são nada, pois eles não lhes acham valor próprio, a
vida lhes parece vaga demais sem prêmios e Deus parece ser o salário das almas.
Eles não querem a verdade,
eles querem apenas algo que os conforte.
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