quinta-feira, 18 de julho de 2013

Desfazendo

Eu os compreendo ao vê-los em profundo desespero segurando-se em pequenos fios de fé, afinal, eu sei bem o quão doloroso é ver tudo se desfazer diante dos olhos. A dor não passa, o vazio é eterno e o mundo deixa de ter sentido (se é que teve algum dia).

Quem é capaz de admitir que nada tem uma razão de ser? Quem consegue suportar firmemente a ideia de que a morte é de fato o fim absoluto de tudo, inclusive de quem se é? Quem consegue aceitar que os entes queridos continuarão mortos e não haverá castigo ou recompensa por bons ou maus atos?

O mundo é tão simples e puramente o que se vê e nada mais.

Eu acreditei em significados, punição dos maus e recompensa aos sofredores, acreditei que no fim todo o sofrimento seria válido e que tudo seria explicado, sanando assim a curiosidade eterna do “por que estamos aqui?” ou “que sentido tem a vida?”, mas tudo se desfez diante de algumas questões.

Deus lhes dá sentido, nutre a falta de razão existente, afinal, eles sofrem, engolem o orgulho, passam períodos enormes de dor e angústia, tem que haver recompensa depois de tudo isso, a morte não pode ser o fim sem respostas.

Por que ser bom se não há prêmios?
Por que não ser mal se não há punição?

Custei a perceber, mas sem Deus eles realmente não são nada, pois eles não lhes acham valor próprio, a vida lhes parece vaga demais sem prêmios e Deus parece ser o salário das almas.


Eles não querem a verdade, eles querem apenas algo que os conforte.

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