quarta-feira, 8 de maio de 2013

Sobre Eles, Mas Sobre Mim


Fiquei parado a observá-los por alguns instantes. Seus gestos e feições, sua interação com os demais, mas seus sorrisos eram os mais atormentadores para mim, não que eu não os quisesse sorrindo, mas por não compreender em absoluto as razões de tal expressão.

Os meus pensamentos me dividiram em dois, o indagador e observador silencioso: “Por que eles riem tanto?”, “O que lhes é tão divertido?”, “Será que eles realmente querem sorrir, ou são apenas espasmos involuntários, inconscientes?”, “O que os motiva, além claro, da corrida da morte?”.

Os tormentos psíquicos se refletiram no corpo, senti fortes dores no estômago, algo que me causou uma irritabilidade incontrolável como há muito não tinha, mesmo assim o indagador, seguia:

“Quais são seus motivos?”, “Por que se submetem a algo que já nem mais suportam, afinal, é possível ver a insatisfação ou o cansaço em seus olhos primatas?”, “É esse o preço que têm seus valores?”, “Posso pagá-los para que sorriam para mim enquanto jogo amendoim para eles?”.

Então, um espelho emergiu diante de mim, e as perguntas se direcionaram ao corpo primata no qual me encontro aprisionado por vinte seis tortuosos anos: “Quais são seus motivos?”, “Por que se submete a isso?”, não houve resposta, apenas o vazio e o silêncio.

Todos aqueles que eu observava possuíam e possuem algum motivo: têm filhos, têm planos, metas de longo ou curto prazo... Sem exceção, todos possuíam no mínimo duas razões para suportarem a agonia de mais um dia, para suportar ordens, até os motivos mais torpes (na minha burra concepção) é razão para que eles acordem sorrindo, mas e quanto a mim?

Não sinto prazer algum em ver a noite tornar-se dia ao som ensurdecedor de uma casa noturna, não sinto prazer real em ver animais aprisionados em jaulas aos fins de semana, não sinto absoluta falta de uma companhia para ir a cinemas, teatros ou algo parecido. Não sinto também, prazer algum em ir a festas, não sinto faltas seja de bens ou de pessoas com uma única exceção quanto a pessoas.

O meu prazer se limita às sensações físicas, sou apegado em demasia aos prazeres e dores que os cinco sentidos me propiciam, mas eles possuem intenções muito maiores que as minhas e quando os observo procuro também em mim algum vestígio daquilo que eles parecem saber tão bem.

Todos eles encontram motivos para correr, suportar o pesar, e eu não encontro mais motivos sequer para despertar, contudo ainda desvio dos perigos, logo, esse vida ainda deve possuir algum valor para mim.

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