A morte, o silêncio absoluto que apavora e motiva os mortais,
sem a qual a vida não teria valor algum para o vivente, e por essa razão, os
mortais deveriam ser mais gratos à morte. Mas eles preferem negá-la, rejeitá-la
ou superá-la em seus contos e mitos.
O progresso lhes trouxe o ego, e então, eles criaram a
eternidade, algo para superar o único deus existente: a morte.
Como eles poderiam viver sem a única coisa que os move?
Eles correm, mas não pela vida, eles correm pela morte, a
alavanca que os faz criar planos, que os faz criar prazos e sentidos para a
existência.
Sem a morte os mortais não seguiriam rumo ao progresso, rumo a
revoluções para que possam ter tempo disponível para apreciarem melhor as
paisagens da vida. Sem a morte não haveria temor e sem temor eles não correm
dos perigos e sem correr dos perigos eles não criariam abrigos, ferramentas e
maneiras de afastarem de si a atormentadora ideia de fim.
Sem a morte os seus prazeres seriam adiados pela tola ideia de
um amanhã eterno, eles não viveriam mais, as emoções seriam esquecidas, as
memórias seriam perdidas e eles não mais seriam.
A eternidade os mataria em vida, transformando-os na mais burra
imagem já criada: deus.
Eles só querem viver porque morrem.
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