segunda-feira, 6 de maio de 2013

À Morte


A morte, o silêncio absoluto que apavora e motiva os mortais, sem a qual a vida não teria valor algum para o vivente, e por essa razão, os mortais deveriam ser mais gratos à morte. Mas eles preferem negá-la, rejeitá-la ou superá-la em seus contos e mitos.

O progresso lhes trouxe o ego, e então, eles criaram a eternidade, algo para superar o único deus existente: a morte.

Como eles poderiam viver sem a única coisa que os move?

Eles correm, mas não pela vida, eles correm pela morte, a alavanca que os faz criar planos, que os faz criar prazos e sentidos para a existência.

Sem a morte os mortais não seguiriam rumo ao progresso, rumo a revoluções para que possam ter tempo disponível para apreciarem melhor as paisagens da vida. Sem a morte não haveria temor e sem temor eles não correm dos perigos e sem correr dos perigos eles não criariam abrigos, ferramentas e maneiras de afastarem de si a atormentadora ideia de fim.

Sem a morte os seus prazeres seriam adiados pela tola ideia de um amanhã eterno, eles não viveriam mais, as emoções seriam esquecidas, as memórias seriam perdidas e eles não mais seriam.

A eternidade os mataria em vida, transformando-os na mais burra imagem já criada: deus.

Eles só querem viver porque morrem.


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