A maior parte das pessoas
teme a solidão, elas querem agarrar-se ao outro, construir uma história e
passar os finais de suas vidas recordando o quanto valeu cada bloco de
lembrança que assentaram em suas vidas.
Não vejo nenhum equivoco
em tal atitude, mas ainda que uma companhia agradável seja de fato prazerosa,
nada me parece tão libertador quanto a solidão. Você pode possuir milhões de
amigos e ter centenas de relacionamentos, mas ser casado e fiel à solidão.
Vejo em muitos casais a
morte das próprias vontades, eles se sentem sufocados pelos desejos um do outro,
pelas obrigações de um relacionamento e acabam por sufocar ainda que brevemente
seus próprios anseios, poucos são os casais nos quais observo cumplicidade e um
respeito mutuo para com os momentos individuais de cada um.
Alguns se casam, outros
morrem.
Alguns perdem desejos ou
os mantém quando estão distante dos olhos do outro, tornando-se assim a figura
real do traidor. Eles querem sentir outra vez a liberdade que a solidão e
somente a solidão proporciona.
Solitário não é aquele que
não possuí amigos ou aquele que não se afeiçoa, mas aquele que não se
aprisiona, aquele para o qual não existe distancia, nada é longe demais para o
solitário, ele é livre para ir e vir, não se deixa amarar por vínculos
transitórios, mas reconhece o valor deles.
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