sexta-feira, 17 de maio de 2013

Longe De Onde?


A maior parte das pessoas teme a solidão, elas querem agarrar-se ao outro, construir uma história e passar os finais de suas vidas recordando o quanto valeu cada bloco de lembrança que assentaram em suas vidas.

Não vejo nenhum equivoco em tal atitude, mas ainda que uma companhia agradável seja de fato prazerosa, nada me parece tão libertador quanto a solidão. Você pode possuir milhões de amigos e ter centenas de relacionamentos, mas ser casado e fiel à solidão.

Vejo em muitos casais a morte das próprias vontades, eles se sentem sufocados pelos desejos um do outro, pelas obrigações de um relacionamento e acabam por sufocar ainda que brevemente seus próprios anseios, poucos são os casais nos quais observo cumplicidade e um respeito mutuo para com os momentos individuais de cada um.

Alguns se casam, outros morrem.

Alguns perdem desejos ou os mantém quando estão distante dos olhos do outro, tornando-se assim a figura real do traidor. Eles querem sentir outra vez a liberdade que a solidão e somente a solidão proporciona.

Solitário não é aquele que não possuí amigos ou aquele que não se afeiçoa, mas aquele que não se aprisiona, aquele para o qual não existe distancia, nada é longe demais para o solitário, ele é livre para ir e vir, não se deixa amarar por vínculos transitórios, mas reconhece o valor deles.

Para os dependentes do outro uma viagem pode ser longe demais, o solitário apenas pergunta: “longe de onde?” e se vai.

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