Nada me acalma com mais facilidade que caminhar solitário, sem
rumo e sem a preocupação com o regresso. Outra maneira que uso para ajustar as
emoções impostas por essa tempestade bioquímica é sentar sob uma árvore, num
banco em uma praça ou parque, observar os filhotes desses homo sapiens e
imaginar que o futuro pode ser melhor.
Eles são puros, espontâneos, sinceros, eles ainda não aprenderam
que mentir é um dos princípios básicos para se viver bem em uma sociedade
decadente e supersticiosa.
Não é que eu superestime as crianças, pelo contrário, até acho
um equivoco absurdo por a criança no centro da família, pois vejo que isso tem
resultados desastrosos criando adultos incapazes de ouvir um não, seja da vida
ou de outra pessoa, mas deposito nelas meus últimos resquícios de fé.
Vejo em seus olhos a possibilidade de humanos melhores, afinal,
ainda são moldáveis no que diz respeito à educação, ainda é possível lapidá-los
e fazer da pedra bruta, homens e mulheres pensantes, dotados de alguma razão.
Talvez, seja apenas uma ideia infrutífera, uma esperança inútil,
mas se eu deixar de acreditar que isso ainda é possível não terei mais fé alguma
e respirar já não teria sentido.
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