segunda-feira, 10 de junho de 2013

Suicídio

Não lhes importa o tamanho da dor, eles continuam tentando, crentes num por vir melhor, não há pesar que os faça desistir e entregar os pontos, eles são apenas parasitas, mas parasitas admiráveis.

Eles possuem uma gana pela vida que se reflete em seus mitos de eternidade, contudo, há um grupo pequeno entre eles que me desperta atenção e curiosidade, um grupo que não suporta o fardo e chegam ao extremo inimaginável de entregar-se ao nada.

Todos, absolutamente todos se cansam e pensam em desistir da vida, mas há sempre algo que os faz seguir, seja a crença em algo ou a ideia de dias melhores, afinal, ninguém quer morrer, principalmente quando são jovens e saudáveis.

Por essa razão os suicidas me atraem a atenção, pois mesmo cientes de um dia após o outro, eles preferem dar cabo de tudo.

Que dor seria essa? Que desespero seria esse? O que será que sentiam? O que lhe faria entregar os pontos e será que entregaria?

Alguns os chamam de covardes e alimentam um ódio sem sentido por eles, outros vêem valentia demasiada em antecipar o inevitável.

Eu os vejo apenas, como sofredores extremos, como céticos desiludidos, penso que todo o suicida deseja que a eternidade não exista (com exceção dos suicídios ritualísticos, claro), afinal, o que é o suicídio, senão a vontade máxima de acabar com tudo o que se refere ao próprio ser?

Os crentes em Deus se asseguram na ideia de que Deus não dá uma cruz maior do que se pode carregar, mas e quanto a esses desistentes infelizes? Seriam eles (para os que creem) a prova da ineficiência divina?

Se houvesse Deus, os suicidas seriam prova de seu fracasso.

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