domingo, 14 de fevereiro de 2010

O Homem Em Seus Animais

Uma jovem passeava calmamente em um belo bosque, quando então, escuta gritos de socorro. Ela seguiu o som dos berros e chegou até uma serpente que gritava: _ “Por favor, me ajude, vou morrer se afundar mais nessa lama que caí!” A jovem pensou um pouco e respondeu: _ “Não vou te ajudar, pois se eu salva-la, você vai me picar.” E a serpente já quase desaparecendo toda na lama promete: _ “Se salvar-me da lama prometo, que não a morderei.” A jovem pega então um velho galho e retira a serpente, que se limpa e logo em seguida morde a jovem, que agonizando indaga: _ “Você não disse que não me morderia se eu a salvasse?” A serpente dando-lhe as costas responde: _ “Desde o momento em que você me salvou, você já sabia que eu era uma serpente.”

Diferentes dos animais, os humanos não são aquilo que você vê. A verdadeira face humana está guardada dentro de cada um, e fortalecendo-se a cada cicatriz. Impossível dizer o que um humano está pensando realmente, ainda que algumas atitudes sejam previsíveis, já que, os instintos primitivos são iguais em todos os humanos.

A lei da sobrevivência, a engrenagem que move os humanos a lutarem entre si até que um dos dois já não aguente mais. Os humanos então viram feras, monstros capazes de tudo aquilo que parece absurdo, indecentes, brutos e competitivos de forma mais que animal.

São capazes de simular, fingir sem sombra de remorso e sem um tormento da própria consciência, eles dormem verdadeiramente em paz. Eles abraçam, fingem ajudar para chegarem onde querem e só então, é que revelam a verdadeira besta que escondia atrás de um rosto humano. E o pior, o que o levou a fazê-lo foi o amor, mas o amor ao poder e apenas isso.

As cicatrizes podem ter contribuído para a formação desse monstro, mas não se pode culpar apenas as marcas, pois uma cobra é sempre uma cobra e não há nada que possa mudar isso.

Já não é possível olhar de um homem a um porco e distinguir claramente quem é um e quem é outro.

Um comentário:

  1. Muito bom, essa "crônica" me fez refletir sobre várias coisas, gostei muito.... Afinal tive o prazer de conhecer e conversar pessoalmente com o autor..

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