Os humanos pedem por socorro já faz muito tempo, mas só agora mais perto deles é que pude notar suas canções que imploram para que um pai imaginário os salve de todo o caos e os assegure de toda a tormenta que parece não ter fim. E então eles cantam, eles escrevem, pedindo a alguém que amenize suas dores.
A fome e a miséria são capazes de cegar até aquele que se diz ver muito bem, afinal, mais uma vez os instintos sobressaem a qualquer conhecimento ético ou religioso, os humanos amam suas vidas, mesmo nas piores condições e vão lutar por elas no momento em que encontrarem-se de ante do fim, vão lutar contra irmãos, e amigos e contra todos aqueles entes queridos, baste que exista apenas uma escolha.
É triste e doloroso imaginar que isso seja verdade, mas o que observo só fortalece essa imagem.
Uma cena que vi no Haiti ainda ecoa forte em minha cabeça e fixou-se naquilo que sou. Centenas de pessoas corriam na direção de um helicóptero que jogaria alimentos e logo vejo um rapaz com uma caixa que conseguira pegar no meio de todo o tumulto, e então outro também faminto puxa a caixa, e esmurra o braço que a agarra, os dois lutam por algum tempo, e um deles fica sem a caixa. Notei a falta de força de ambos os lados, mas ainda assim com forças para lutarem.
Uma estória que ouvi com meus onze anos vivendo entre humanos fez muito sentido nesse momento, a estória falava de um homem que fora conhecer o céu e o inferno e a única diferença entre os dois era o comportamento de seus “hospedes”.
Os humanos pedem para que os livrem do mal, mas não percebem que querem apenas livrar-se deles mesmos, e criam seus anjos, criam seus demônios, seus salvadores e seus carrascos. Os humanos temem por eles, e temem a eles mesmos, e é as escuras no momento do pavor, no máximo do limite que se revelam e então decidem se vivem o céu ou o inferno.
E então, como preferem agir?
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