segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Homem Torto

Ele demonstrava em seu olhar a dor e a angustia de se compreender. Filho de uma família conservadora, com muitos planos para sua vida futura e domínio sobre todas as suas ações.

Mulheres “compradas” por seu pai, prontas para dar-lhe qualquer prazer, um prazer tão vago que quase o deprimia depois de ter, ele não queria aceitar o que com ele acontecia, porém nada que ele fizesse mudaria seus reais desejos.

Ele desejava seus iguais e sua família descobriu, a reação de seu pai foi pior do que previu. Sem abrigo e sem apoio, ele sabia que nada podia fazer, se fosse questão de escolha, ele certamente escolheria a “normalidade” que sua sociedade decadente oferecia.

Mas aos símios não há escolha!

Um salto rumo à morte certa foi tudo o que conseguiu, pois sabia que ali morreriam os seus desejos inaceitáveis para uma sociedade que clama por melhorias, mas que não possuí estrutura mental para efetuá-las.

A ciência ainda estuda se a sexualidade é uma questão de escolha, mas apenas ao observar alguns símios percebo que não se trata de escolha, – e com a luz da neurociência isso é ainda mais forte – afinal, o transtorno e o índice de suicídio entre aqueles que não se adaptam a sociedade só fortalece a ideia de não escolha.

Eles querem, mas não podem mudar. E quando “mudam” – entre aspas, pois nunca é verdadeiramente – vivem infelizes ou com uma vida dupla, como tenho observando pesquisando sobre esse comportamento.

A maior parte apenas se esconde, e vivem muito melhor em cima do muro e para compreendê-los fica a questão:

Se houvessem escolhas, escolheria encarar uma multidão pronta para massacrá-lo ou escolheria ser parte dela?

Omissão!

Um comentário:

  1. Esse é meu tema preferido..... teremos muito o que conversar no msn rs.

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