domingo, 12 de dezembro de 2010

Despertar - (Onironautas)

Não conheço humano algum que goste verdadeiramente de romper com o mundo dos sonhos, onde ele é o ser supremo, aquele que cria e destrói o que lhe é conveniente, mesmo quando não se tem aparente controle do sonho – como num sonho lúcido – ainda assim eles não querem acordar.

Algumas crenças do antigo oriente próximo afirmavam que os sonhos eram reais e os levavam a sério, alguns estudiosos atuais pensam que dai nasceram muitos deuses e criaturas míticas – não vejo como contestá-los.

O dia a dia desses pobres símios segue normalmente – seja lá quem foi que definiu tais padrões – eles nem mesmo se perguntam: “_Como vim parar aqui?” Lhes parece perda de tempo, pois o cotidiano tem pressa e exige o máximo de cada um, o tempo parece sempre pouco o contrário do reino dos sonhos, onde em alguns minutos alguns alegam viver uma vida.

No mundo “real” eles não possuem vontade própria, a ciência já mostrou que não há livre-arbítrio e que se houver é apenas um “tic nervoso” e que todos os seus desejos e consequêntes atos são resultados de processos eletroquímicos e involuntários d’um cérebro sem dono. E quanto ao reino dos sonhos? Hoje eles são levados mais a sério, afinal podem sanar problemas no mundo “real”.

Não há cético capaz de contestar a ideia de que eles – os símios – possam estar a viver num mundo simulado, uma espécie de programação avançada ou num universo artificial.

E se no mundo onde as ações humanas parecem involuntárias, onde os desejos parecem absurdos e indesejados, onde quase sempre eles – os símios – não possuem controle algum, e se é esse o mundo onde eles são verdadeiramente livres é que de fato eles se encontram despertos?

E se após setenta anos ou mais, os símios ao pensarem que estão para morrer, simplesmente despertassem, jovens e sadios numa confortável cama? E se toda a sua “realidade” for um sonho já próximo do réquiem?

Quando é que eles dormem e quando estão despertos?

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