Quando quem lhes devia ensinar lhes rouba a identidade, empurrando goela abaixo padrões comportamentais – religião, filosofia e tudo o que é tão particular – eles passam a ser o que quer que sejam e não o que querem ser.
Prisioneiros eternos do “statu quo”, passando de geração para geração ideias idas e sonhos mortos, talvez, reflexo de um intenso desejo de enxergarem-se em suas proles, eles empurram os mesmos desejos que tiveram, eles querem viver uma juventude outra vez.
E os jovens símios se vêm em confronto com os próprios instintos e vontades.
Não bastasse o dever de viver os sonhos dos pais, da porta para fora há ainda o dever de viver os sonhos sociais. Eles seguem com a cega obediência aos velhos valores, simulam emoções e a própria vida.
Todos os dias eu os vejo passarem por mim, uns com pressa, outros alheios ao mundo, mas todos simulando perfeitamente uma vida.
Nos diálogos, capto as insatisfações e os verdadeiros anseios, em cada suicídio percebo a incapacidade de viver verdadeiramente após longo tempo de simulação, nas vidas duplas o ato de enganarem a si mesmos.
O que eles pensam ser a vida? Deixarem-se tomar por um altruísmo destrutivo, privando-se de tudo o que a vida realmente podia ser.
Talvez simular a vida seja o melhor que esses miseráveis símios conseguem, afinal, já faz muito tempo que eles fazem isso muito bem.
Dentro de casa eles são os desejos dos pais, fora dela os desejos sociais e quando é que eles são o que desejam?
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