No meio do jantar uma prosa curiosa de um símio humano fêmea sobre minha descrença. “_Posso te fazer uma pergunta? É só curiosidade minha.” – Assim disse a moça que se encontrava diante de mim durante a refeição – minha resposta foi positiva e ela então questionou:
“_Por que você não acredita em Deus?”
Não precisei pensar para dar a resposta, afinal, essa questão eu me fiz algumas vezes e a resposta era quase um texto decorado:
“_Não se trata d’uma escolha pessoal, aconteceu. Fui percebendo ao longo de minha vida que todas as sociedades projetavam um deus equivalente aos próprios costumes, e o deus no qual acreditei até os 13 (treze) anos de minha atual existência não era uma exceção. Percebi que ele era apenas mais um dentre milhares de projeções, daí reconheci que o único ser responsável por meus méritos e tropeços era eu.”
Ela refletiu por um tempo, não comentou a resposta, mas prossegui:
“_Crer ou descrer não é algo que se escolha.” Percebendo sua “confusão” inverti a pergunta para ela, para que assim ela pudesse compreender melhor o que eu dizia:
“_Por que você acredita em Deus?”
Não obtive resposta, apenas uma risada nervosa com palavras que não se fizeram entender, apenas compreendi um: “_Porque eu sinto.”
Notando sua reação a acalmei: “_Notou? Você não escolheu acreditar, apenas sente isso como uma verdade, porém é pessoal de mais para que possa transmitir para alguém e é o mesmo comigo.”
Após um curto silêncio ela pediu licença para retornar a labuta.
Uns em deuses, outros em amuletos, outros na lógica e na razão, mas todos acreditam em alguma coisa, porém como tudo na existência desses símios, não são passiveis de escolha, é tudo a revelia.
Você escolheu crer no que crê ou amar a quem ama?
Muito provavelmente a resposta é não e isso pode ser observado em cada angustia desses miseráveis símios ao chorarem por amar quem não os ama, ou por questionarem a própria crença e mesmo assim não livrarem-se dela.
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Muito bom, deve ter sido comico a reação da mulher rs.
ResponderExcluirEnfim, a vida é mesmo um grande mistério que acredito eu que só saberemos o porque das coisas quando partimos dela.