sexta-feira, 22 de junho de 2012

Ego Sistema

Os anjos para justificar as vitórias e os demônios para atenuar o peso das derrotas, o visível não lhes basta, afinal, o mesmo os rebaixa a meros animais, e sua arrogância não suporta essa verdade.

São então, frutos d’um divino criador, portadores de uma alma eterna que subestima a carne em que habita. Eles se vêem como almas escravas de seus corpos.

Fruto do carma ou do pecado original, para eles essa vida é punitiva, eles passam então, a subestimarem a própria capacidade, rezam aos céus, aos infernos e qualquer outra divindade para aliviarem o “peso” que carregam, seu sofrimento é sempre maior e multiplicá-lo é sempre o melhor.

Passam a vida preparando a vida póstuma, vêem na morte a liberdade da poderosa e eterna alma, passam pela vida alimentando-se de desejos e sonhos inatingíveis, aumentando assim a angústia natural da existência.

Eles são vítimas da própria arrogância, eles são vítimas do pavor do desconhecido, são criadores das próprias ilusões, são crentes irremediáveis de seu ego sistema.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Revelações

As boas lembranças se apagam, a razão é tomada pela distorção emocional, e nada mais pode detê-los. Tomados pela cólera, agem apenas com instintos, não há mais diferença entre eles e os irracionais, e como fogo, destroem tudo o que cruzar o seu caminho, culpados e inocentes, pois a ira lhes roubou a razão.

E após o surto, as reações são quase iguais: “Como pude fazer isso?”, “Não estava no meu normal.”, “Saí de mim.”, “Não conseguia me controlar, pois não via nada.” E tantos outros discursos de defesa para justificar a fraqueza de renderem-se á um instante tão vil.

As lembranças ruins são maquiadas, a razão é tomada pela distorção emocional e nada mais pode detê-los. Possuídos por amor e tolerância, agem apenas com instintos, mas negam. E então, absorvem tudo para si, relevam o insuportável, culpados e inocentes, pois o amor lhes roubou a razão.

E após a decepção, as reações são quase iguais. Eles choram a mágoa que passaram, deprimem-se pelo orgulho que engoliram, nunca tiveram coragem de expressarem-se, por compaixão, pois temiam sempre ferir alguém.

Se estivessem munidos de razão, o autocontrole viria fácil, mas eles ainda sustentam a ideia de que as emoções são as amigas, e a razão, a fria vilã, nem mesmo dosar é uma arte praticada ou sequer exercitada por esses “romanceadores” daquilo que é real.

As emoções oferecem poucos caminhos: a destruição ou a autodestruição.

terça-feira, 5 de junho de 2012

O Ateu E O Rebelde

A guerra contra Deus nunca será tramada por um ateu, pois o mesmo possuí a clara ideia de que não há com o que ou com quem lutar, digam os militantes o que quiserem.

A religião é o alvo, contra essa sim os movimentos fazem jus, minhas visitas em redes sociais me mostram uma mistura ridícula entre os ateus (dignos de respeito) e os rebeldes (jovens tolos em busca d’uma identidade ou de atenção).

O ateu argumenta contra a moral imposta pelas religiões, morais destorcidas e danosas, morais que subestimam a capacidade da espécie mais bem sucedida de que se tem notícia. Ele alimenta o bom debate com respeito, clareza e doses necessárias de orgulho ou humildade.

Por sua vez, o rebelde carece de argumentos, e cria frases odiosas normalmente voltadas a um deus e não há uma moral religiosa, ele tende a ridicularizar (tal como religiosos com outras religiões) a crença alheia com imagens ou textos “torpes” são dignos de desprezo e não podem ser distinguidos dos próprios religiosos.

Em minha atual experiência me reconheço Ateu, e tive belas oportunidades de debates inteligentes com religiosos e com verdadeiros ateus.

Aos rebeldes: “Continuem, pois falta pouco para montarem a religião dos “sem-deus”.”

sábado, 2 de junho de 2012

O Jarro De Rosas

Seus pés descalços sangram, o peso que carrega nos braços o puxa a cada instante mais e mais para baixo, e a cada passo o peso aumenta dramaticamente. E nos braços, a mais maravilhosa recordação, o mais intenso desejo, o mais belo dos seus sonhos, o mais próximo de um amor e somados, resultam no fardo que lhe puxa para o mais intenso sofrimento.

Você precisa mesmo atravessar com esse peso?

Os pés já não sustentam o corpo, e os joelhos já fragilizados se dobram abruptamente, chocando-se violentamente contra o solo. As lágrimas são inevitáveis, você acaba de reconhecer, o peso que carrega é, além de tudo, o mais danoso de seus problemas.

São doces, belos e amados, mas estão sugando a força que é só tua, e que se faz necessária para que você obtenha algum progresso.

Ainda quer carregá-los nos braços?

A responsabilidade é mais nobre que a atitude covarde de não saber aniquilar o que lhe prejudica, por mais valioso que lhe pareça.