domingo, 20 de maio de 2012

O Castigo - Origens

A idade era pouca, mas havia sensações demasiadamente amadurecidas em mim. Olhava ao meu redor com a fixa ideia: “Não vou me adaptar”. A maior parte daquelas criaturas de idades biológicas simétricas a minha, pareciam se divertir.

E isolado em meu mundo, eu os observava.

Em meu mundo, minhas criações, minhas criaturas, sempre foram minhas companheiras fiéis, feitas de massa ou de papel, e quando permitido (com o doce castigo) feitas dessa “matéria fantástica” chamada, imaginação.

E minhas amadas criações foram o “gatilho” para os primeiros contatos: “Faz um desses pra mim com a minha massa”, “Nossa! Que legal!”, “Faz igual pra mim?”.

Os contatos foram me revelando intenções, e emoções alheias, estava descobrindo quem eram aquelas criaturas e pior, o que eu poderia ser.

Os espelhos sempre me atormentaram, a imagem que eu via nunca correspondia à imagem que eu gostaria de ver.

A fragilidade do corpo que tomo emprestado sempre foi minha maior desilusão, sempre soube ser mais do que refletia, mas nem sempre tive capacidade de enxergar o orgulho (a razão mais apontada como minha queda) contido nessa afirmativa.

Eu pairei sobre os céus e agora rastejo sob o solo, sentindo o peso do castigo de ver refletidos em minha atual condição os erros que abomino, tentando compreender, aprender e reparar os estranhos costumes dessa frágil e imperfeita raça.

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