sexta-feira, 18 de março de 2011

Uma Vez Selvagens

Seus caninos alongados eram um registro de sua sede por sangue de carne fresca, e a caçada era a tarefa essencial para a sobrevivência.

Selvagens, inescrupulosos, porém perdoáveis, afinal era assim que se mantinham vivos.

Competições mortais por território, o mais valente é quem procriaria; sexo sem pudor ou consentimento, mas essencial para a perpetuação da espécie.

Selvagens, ignorantes primitivos, porém privilegiados, os queridos da evolução.

Uma luz surge e então, um comportamento novo; ferramentas, armas para a caça e utensílios – rumo a civilização.

Alianças e planos, a ascensão de um rei, construção de impérios, ideias geniais a invenção de Deus, alguém para comandar os indomáveis.

Caninos reduzidos a remoto tempo comprovam a evolução, eles são sociáveis, porém ainda sedentos por sangue de carne fresca. A competição outrora adormecida constantemente estimulada.

A caça ainda essencial, mas sua presa agora são seus iguais. E eles matam para se afirmarem, para eliminar competidores, para passar o tempo ou para testar a eficácia da bala.

Competidores de guerra estimulados por seus esportes brutais o mais valente procria mais; sexo sem pudor e sem consentimento, mas essencial para dar cabo de sua excitação.

Eis o homem na civilização... Uma vez selvagens eternamente selvagens.

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