Seus caninos alongados eram um registro de sua sede por sangue de carne fresca, e a caçada era a tarefa essencial para a sobrevivência.
Selvagens, inescrupulosos, porém perdoáveis, afinal era assim que se mantinham vivos.
Competições mortais por território, o mais valente é quem procriaria; sexo sem pudor ou consentimento, mas essencial para a perpetuação da espécie.
Selvagens, ignorantes primitivos, porém privilegiados, os queridos da evolução.
Uma luz surge e então, um comportamento novo; ferramentas, armas para a caça e utensílios – rumo a civilização.
Alianças e planos, a ascensão de um rei, construção de impérios, ideias geniais a invenção de Deus, alguém para comandar os indomáveis.
Caninos reduzidos a remoto tempo comprovam a evolução, eles são sociáveis, porém ainda sedentos por sangue de carne fresca. A competição outrora adormecida constantemente estimulada.
A caça ainda essencial, mas sua presa agora são seus iguais. E eles matam para se afirmarem, para eliminar competidores, para passar o tempo ou para testar a eficácia da bala.
Competidores de guerra estimulados por seus esportes brutais o mais valente procria mais; sexo sem pudor e sem consentimento, mas essencial para dar cabo de sua excitação.
Eis o homem na civilização... Uma vez selvagens eternamente selvagens.
sexta-feira, 18 de março de 2011
quarta-feira, 16 de março de 2011
Competição Proselitista
As estruturas colossais lhes preenchem o cérebro, dando a sensação de estarem de ante de uma força muito maior que a deles mesmos e a contemplação torna-se quase inevitável. E não poderia ser diferente ao observar a vastidão do mundo e do universo.
Eis o nascituro das superstições.
Do alto das escadarias de uma das diversas catedrais espalhadas pelo planeta, posso observá-los em oração. Num silencio profundamente escandaloso, explicito em cada traço de suas expressões faciais é possível traduzi-las em; suplicas; lamentos; desespero; gratidões entre outros milhares de manifestos pessoais.
Logo à frente posso ver outro grupo de supersticiosos abraçados as suas escrituras sagradas. Esses bradam, clamando a atenção do publico que transita sempre atrasado.
Existe uma eterna luta para eleger quem ostenta a verdade e eles – os hominídeos de sucesso – estão condicionados a aceitarem que a verdade se manifesta entre a maioria, talvez seja essa a razão por trás dessa competição proselitista.
Todos querem arrebanhar almas para algum ser sobrenatural salvá-las, uns batem de casa em casa nunca admitindo a verdadeira intenção, outros gritam em alto-falantes no meio de praças publicas, outros pedem para os fieis levarem a família e amigos...
Eles se diferem em suas crenças e em seu comportamento, mas ignoram que todos possuem um sistema de crenças e que isso bastaria para encaixá-los num grupo único, o de supersticiosos.
“Não importa o numero de seguidores de sua crença, pois para algum outro grupo ou para um único ser, assim como para você quanto à fé de outros, sua fé será mera superstição.”
Eis o nascituro das superstições.
Do alto das escadarias de uma das diversas catedrais espalhadas pelo planeta, posso observá-los em oração. Num silencio profundamente escandaloso, explicito em cada traço de suas expressões faciais é possível traduzi-las em; suplicas; lamentos; desespero; gratidões entre outros milhares de manifestos pessoais.
Logo à frente posso ver outro grupo de supersticiosos abraçados as suas escrituras sagradas. Esses bradam, clamando a atenção do publico que transita sempre atrasado.
Existe uma eterna luta para eleger quem ostenta a verdade e eles – os hominídeos de sucesso – estão condicionados a aceitarem que a verdade se manifesta entre a maioria, talvez seja essa a razão por trás dessa competição proselitista.
Todos querem arrebanhar almas para algum ser sobrenatural salvá-las, uns batem de casa em casa nunca admitindo a verdadeira intenção, outros gritam em alto-falantes no meio de praças publicas, outros pedem para os fieis levarem a família e amigos...
Eles se diferem em suas crenças e em seu comportamento, mas ignoram que todos possuem um sistema de crenças e que isso bastaria para encaixá-los num grupo único, o de supersticiosos.
“Não importa o numero de seguidores de sua crença, pois para algum outro grupo ou para um único ser, assim como para você quanto à fé de outros, sua fé será mera superstição.”
domingo, 13 de março de 2011
Fatos E Versões
Sou o sem lado, um ser imparcial que está entre os “bons” e os “maus” – dito entre aspas porque não compreendo tais distinções – sou um observador atento e um excelente ouvinte e percebo que é comum entre esses hominídeos que em seus cérebros hajam vilões e mocinhos.
Todos são os principais de suas próprias histórias e quando as contam, elas alegam um fato que na realidade é existente apenas para quem conta.
Meus experimentos se passam com um grupo relativamente grande e sou uma espécie de mediador. Passo tranquilamente entre todos eles, colhendo informações de suas vivencias pessoais sem jamais passá-las para outrem e assim pude ver que os fatos podem existir, mas o que eles contam são apenas versões desses.
E aparentemente isso faz toda a diferença em seu cotidiano.
Eles possuem uma tendência primaria de se agruparem entre aqueles que apresentam as versões mais similares ou mais convenientes – sendo essa ultima a mais dominante entre esses animais – e assim, acabam por dividirem-se e não raramente confrontarem-se com aqueles que relatam outras versões para a mesma história.
Nenhum dos grupos está errado, eles estão apenas limitados quanto à observação dos fatos e com isso o melhor que conseguem é a versão que apresentam – não há razões para condená-los – contudo eles ignoram as próprias limitações e as limitações alheias e saem pregando suas verdades, gerando discórdia e divisão.
Talvez lhes seja mais interessante uma vida repleta de mocinhos e vilões, ou talvez eles lhes seja impossível visualizar que, mesmo com todas as divisões e subdivisões antropológicas eles são apenas os hominídeos humanos.
Todos são os principais de suas próprias histórias e quando as contam, elas alegam um fato que na realidade é existente apenas para quem conta.
Meus experimentos se passam com um grupo relativamente grande e sou uma espécie de mediador. Passo tranquilamente entre todos eles, colhendo informações de suas vivencias pessoais sem jamais passá-las para outrem e assim pude ver que os fatos podem existir, mas o que eles contam são apenas versões desses.
E aparentemente isso faz toda a diferença em seu cotidiano.
Eles possuem uma tendência primaria de se agruparem entre aqueles que apresentam as versões mais similares ou mais convenientes – sendo essa ultima a mais dominante entre esses animais – e assim, acabam por dividirem-se e não raramente confrontarem-se com aqueles que relatam outras versões para a mesma história.
Nenhum dos grupos está errado, eles estão apenas limitados quanto à observação dos fatos e com isso o melhor que conseguem é a versão que apresentam – não há razões para condená-los – contudo eles ignoram as próprias limitações e as limitações alheias e saem pregando suas verdades, gerando discórdia e divisão.
Talvez lhes seja mais interessante uma vida repleta de mocinhos e vilões, ou talvez eles lhes seja impossível visualizar que, mesmo com todas as divisões e subdivisões antropológicas eles são apenas os hominídeos humanos.
sexta-feira, 4 de março de 2011
Maldição Fisicalista – Eu Quero Acreditar
“_Não quero que meu cérebro associe a tua presença com o meu bem-estar, por isso deixe que eu melhore por mim mesmo.” – Minha resposta a uma “mão” que se estendia num momento em que me senti fraco.
De onde estou posso olhá-los com ampla clareza – símios bem-sucedidos – e é admirável vê-los, cada qual seguindo um rumo com um destino nunca sabido – mesmo por mim – Pouco lhes importa o propósito, eles estão lá e continuam fazendo na pratica aquilo que sei muito bem em teoria.
Eles acreditam.
Diferentemente de mim, eles são verdadeiramente capazes de aceitar como verdade uma ideia sem exigir qualquer evidência. Simplesmente sou incapaz de fazê-lo e se um dia eu o fui verdadeiramente, não me recordo.
Eles rezam sem a certeza de serem ouvidos, simplesmente ignoram o fato de que seus cérebros primitivos são programados para buscar padrões e, que mesmo o que é casual e aleatório acabará por receber algum “sentido” graças a esse sistema “defeituoso” do cérebro.
A luz que se apaga na calçada na qual se anda, a pessoa que não se via a muito encontrada na fila d’um banco e muitas outras casualidades são recebidas como sinais adaptados ao sistema de crença particular do símio em questão.
E eles acreditam, rezam, amam e depois, dormem aparentemente em paz.
Eu sei que a completa escuridão diante dos olhos, provoca uma titânica inquietação nos lobos e a criatividade se amplia em tentativas desordenadas de supor o que pode estar a volta de si, daí surgem o medo a ansiedade e outras sensações comuns entre os símios colocados no escuro.
O corpo que tomo emprestado tem as mesmas sensações, porém elas são anuladas antes de me acometerem de fato.
Encontro explicações satisfatórias para cada sensação que tenta me acometer, a ativação do sistema límbico provocado por uma situação desconhecida e o medo, a secreção da endorfina e outros ao contato visual de alguém agradável e a ideia de paixão, níveis elevados de dopamina e a sensação de receber um “sinal divino”.
Apenas um algo me acometeu: A “maldição” fisicalista, sou incapaz, mas há vezes e apenas às vezes em que como um desses primatas eu quero acreditar.
De onde estou posso olhá-los com ampla clareza – símios bem-sucedidos – e é admirável vê-los, cada qual seguindo um rumo com um destino nunca sabido – mesmo por mim – Pouco lhes importa o propósito, eles estão lá e continuam fazendo na pratica aquilo que sei muito bem em teoria.
Eles acreditam.
Diferentemente de mim, eles são verdadeiramente capazes de aceitar como verdade uma ideia sem exigir qualquer evidência. Simplesmente sou incapaz de fazê-lo e se um dia eu o fui verdadeiramente, não me recordo.
Eles rezam sem a certeza de serem ouvidos, simplesmente ignoram o fato de que seus cérebros primitivos são programados para buscar padrões e, que mesmo o que é casual e aleatório acabará por receber algum “sentido” graças a esse sistema “defeituoso” do cérebro.
A luz que se apaga na calçada na qual se anda, a pessoa que não se via a muito encontrada na fila d’um banco e muitas outras casualidades são recebidas como sinais adaptados ao sistema de crença particular do símio em questão.
E eles acreditam, rezam, amam e depois, dormem aparentemente em paz.
Eu sei que a completa escuridão diante dos olhos, provoca uma titânica inquietação nos lobos e a criatividade se amplia em tentativas desordenadas de supor o que pode estar a volta de si, daí surgem o medo a ansiedade e outras sensações comuns entre os símios colocados no escuro.
O corpo que tomo emprestado tem as mesmas sensações, porém elas são anuladas antes de me acometerem de fato.
Encontro explicações satisfatórias para cada sensação que tenta me acometer, a ativação do sistema límbico provocado por uma situação desconhecida e o medo, a secreção da endorfina e outros ao contato visual de alguém agradável e a ideia de paixão, níveis elevados de dopamina e a sensação de receber um “sinal divino”.
Apenas um algo me acometeu: A “maldição” fisicalista, sou incapaz, mas há vezes e apenas às vezes em que como um desses primatas eu quero acreditar.
Sinais
A evolução lhes foi generosa, concedeu-lhes uma capacidade sem igual de criatividade em todo o reino animal. Há uma liberdade abstrata na mente desses símios humanos, eles encontram imagens em nuvens e rabiscos, harmonia em sons a priori dissonantes e tiram deles uma bela sinfonia, harmonizam cores em obras de arte e criam soluções inusitadas para problemas complexos.
Criaturas fascinantemente criativas.
Como consequência é natural que se observe numerosos e tolos “milagres”, como aparições divinas em vidros manchados, torradas queimadas ou qualquer um no qual o “milagreiro” é um grande conhecido da neurociência: Dopamina.
Associado a numerosos efeitos na vida símia, desde torná-la suportável graças a seus efeitos de prazer e bem-estar até sua influencia na criatividade dos humanos.
Há muitas maneiras de estimular sua produção, pesquisas recentes apontam a musica como grande estimulante, cultos religiosos –isso explica a sensação da “presença de Deus” em orações individuais ou coletivas – um abraço amigo, um telefonema de alguém querido e muitas outras formas.
Existe também a ligação do excesso de sua secreção e a esquizofrenia, uma vez que seu excesso no hipocampo produz as alucinações tão características do “distúrbio”. Novas pesquisas também sugerem algo curioso:
Cérebros criativos e esquizofrênicos trabalham de forma semelhante com relação ao neurotransmissor, ambos secretam em excesso – por não haver uma filtragem por parte do tálamo – e com isso são capazes de encontrar padrões inusitados.
Os “Sinais” que os símios recebem no dia a dia, são resultantes de um cérebro inquieto que busca constantemente dar sentido ao mundo.
Criaturas fascinantemente criativas.
Como consequência é natural que se observe numerosos e tolos “milagres”, como aparições divinas em vidros manchados, torradas queimadas ou qualquer um no qual o “milagreiro” é um grande conhecido da neurociência: Dopamina.
Associado a numerosos efeitos na vida símia, desde torná-la suportável graças a seus efeitos de prazer e bem-estar até sua influencia na criatividade dos humanos.
Há muitas maneiras de estimular sua produção, pesquisas recentes apontam a musica como grande estimulante, cultos religiosos –isso explica a sensação da “presença de Deus” em orações individuais ou coletivas – um abraço amigo, um telefonema de alguém querido e muitas outras formas.
Existe também a ligação do excesso de sua secreção e a esquizofrenia, uma vez que seu excesso no hipocampo produz as alucinações tão características do “distúrbio”. Novas pesquisas também sugerem algo curioso:
Cérebros criativos e esquizofrênicos trabalham de forma semelhante com relação ao neurotransmissor, ambos secretam em excesso – por não haver uma filtragem por parte do tálamo – e com isso são capazes de encontrar padrões inusitados.
Os “Sinais” que os símios recebem no dia a dia, são resultantes de um cérebro inquieto que busca constantemente dar sentido ao mundo.
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