Poucas são as madrugadas que possuo livre, pois é na virada da noite que engulo a labuta como uma condição de habitar um corpo mortal, mas quando a tenho nas mãos faço o melhor que posso, e o melhor é caminhar por entre ela, na maior parte das vezes como gosto de estar, solitário e oculto.
Antes que as ruas e estradas fiquem livres para o vazio e o silêncio, os humanos as dominam, e percebo que raramente andam a sós.
A solidão me agrada, talvez por nunca haver conhecido a face de seu revés, afinal esse meu comportamento é praticamente inato segundo os biologicamente mais velhos do meu único grupo, o familiar.
Já para os humanos, a solidão se assemelha a alguma dor da qual eles fogem o mais rápido e máximo que podem de todas as formas que lhes é cabível. Eles sofrem na companhia de um relacionamento frustrado, sofrem a perda inevitável de membros de um grupo que ele mesmo criou, eles sofrem sozinhos por razões de grupo.
Eles só não querem passar despercebidos por esse mundo, querem 1 milhão de amigos e não importa se vão sofrer a inevitável perca de alguns integrantes do bando é apenas a obediência de uma necessidade inata, a necessidade de atenção.
Certa vez questionei uma jovem cujo seu jeito comunicativo lhe levou a conhecer um numero realmente elevado de pessoas: _ “O que lhe proporciona possuir tantos conhecidos? Não se torna mais fácil sofrer por uma dor que não é sua devido ao elo?” – Sua resposta veio sem muita reflexão: _ “Faço isso, por que tenho medo de ficar sozinha no futuro. E quanto mais pessoas eu conhecer menor é essa chance.”
Viajando por dentro da madrugada era notório que o medo da solidão não era exclusividade daquela jovem, mas da maioria senão de todos os humanos. Talvez a morte seja menos pavorosa, quando encarada numa companhia que se agrade ou, talvez não seja o medo da morte, mas o medo de não serem notados que os persegue.
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