quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Libertando Os Braços



Eu realmente tentei, dei o meu melhor, me permiti muito mais do que acreditava ser capaz, afinal, tudo apontava para as vantagens de um bom convívio social, contudo, as desvantagens me parecem mais tortuosas.

A beleza contida nas relações amigáveis, oculta o peso de sustentar outras vidas, o peso de ter que engolir o próprio ego em prol do bem-estar de um recém-conhecido.

Não suporto me desdobrar para ter assuntos que não me interessam em nome de uma relação qualquer com quem quer que seja, e a simples hipótese desse ato me incomoda profundamente.

Não tenho nada além daquilo que sou ou daquilo que me tornei, e meu velho orgulho ainda não me permite dar passos mais largos.

Talvez, o meu ainda jovem corpo seja grande influente nessa decisão, afinal, os processos bioquímicos desse cérebro relativamente novo ainda partem da premissa de indestrutibilidade, quiçá os anos me moldem um algo “melhor”, mas até que isso ocorra que sejam destruídos com a espada feita de orgulho e ego puro o jarro e as rosas.

Se for um problema, que seja eliminado.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Ainda Assim


A ideia de criação me incomoda, não só pela facilidade e fragilidade argumentativa, mas pelo total demérito da complexidade da vida.

Reduzir os complexos organismos que vemos a uma criação divina e instantânea me parece... Tolo, para dizer o mínimo.

A beleza da vida, tal como a conhecemos é a sua complexidade, desde o inicio até o irreversível final. Milhares de anos, de simples “replicantes” ao posto de primatas superiores, de agrupamentos celulares a um filhote formado, e em apenas alguns meses.

Dá para negar a evolução?

Dá para negar a maravilha, e o valor que tem a vida?

Eles parecem conseguir, seja por orgulho ou por conveniência, eles negam o que é fato e desprezam a vida, eles se matam numa guerra inútil, não percebem que são vítimas de seus impulsos primários estimulados por um sistema corrupto e quebrado.

E então, a vida se vai por suas próprias mãos, como lhes pareceu vir: por magia, por trás de uma fumaça de pólvora.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

O Toque


Não sei expressar o que me aconteceu, mas há algum prazer em meio a esse tormento mental. Não imaginei que havia uma criatura assim, capaz de atravessar como se fossem nada as barreiras ao meu redor.

É isso o que os humanos tanto procuram? Sentirem-se necessitados de outro ser para que seu dia pareça ter valido alguma coisa?

Se for, parece que finalmente pude sentir, há algum aperto entre os órgãos vitais, e até mesmo algo que me esmaga a garganta.

O que é isso?

É como se eu sentisse aquela mão a tocar meu peito dia após dia, mas com o calor intenso de milhões de estrelas jovens, a queimar e deixar gravado feito tatuagem cada traço daquela palma em mim.

Uma dor que dá prazer para cada lembrança que repentinamente me invade a mente, sem dar-me a chance para defesa ou desvios.

Sou escravo voluntário de momentos idos, sou saudoso do que não foi visto, encaro-me no espelho com um olhar novo e talvez mais vivo.